A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) exigiu a demissão imediata do Ministro do Estado, do Interior e da Ordem Pública, Botche Cande, e de todos os responsáveis pela segurança daquele ministério pela “incapacidade” que têm vindo a revelar em garantir a segurança às pessoas e aos seus patrimónios na Guiné-Bissau, “sem interferência arbitrária na esfera privada dos cidadãos”.
A LGDH diz ter registado com “bastante estranheza e estupefação” os incidentes ocorridos ontem, sexta feira, 14 de Maio de 2021, na aldeia de Contuba, região de Bafatá, que opôs a comunidade local às forças de segurança.
Informações recolhidas pelas células de alerta precoce da LGDH indicam que tudo aconteceu quando um grupo de forças de segurança “invadiu a referida aldeia”, em cumprimento de uma suposta ordem superior, para impedir a realização das orações de Ramadão, assinaladas pela maioria da comunidade islâmica do país no dia 13 de Maio.
Lê-se na página da LGDH que aquela “intervenção arbitrária, desproporcional e abusiva” das forças de segurança resultou em 9 feridos, entre os quais 6 membros da comunidade de Contuba e 3 agentes das forças de segurança.
“A intervenção das forças de segurança num ato de carácter privado, acabou por constituir o principal fator de perturbação de ordem pública naquela localidade, afetando a paz social que reinava até a intervenção arbitrária da polícia”, condenando aquela intervenção “criminosa” das forças de segurança numa tentativa de “perturbar o livre exercício da liberdade religiosa”.
A liga exigiu do Ministério Público a abertura de um inquérito urgente e transparente, com vista a responsabilização criminal de todos os envolvidos neste vergonhoso ato.
A organização exigiu também do Estado a assunção das despesas de assistência médica e medicamentosa de todas as vítimas, tendo apresentado a sua “profunda solidariedade” para com as vítimas, disponibilizando-se a prestar assistência jurídica às mesmas.
Por: Tiago Seide