A direção executiva da Rádio Capital FM, em colaboração com o Sindicato de Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (SINJOTCS), promoveu uma vigília na manhã desta segunda-feira, 26 de julho de 2021, para pedir justiça ao Estado guineense, a identificação e responsabilização dos autores e “mandantes” da vandalização daquela estação emissora privada, ocorrida há um ano.
Funcionários e alguns ouvintes vestidos de roupa preta eportando velas acesas e exibindo cartazes em frente do edifício da rádio durante cerca de trinta minutos a reclamar justiça: “Um ano depois, queremos a justiça; Viva a liberdade de imprensa; Basta de ataques à imprensa; Viva a Ordem dos Jornalista; Viva o SINJOTCS; Somos a CFM, entre outros”. A emissora Capital FM foi assaltada na madrugada de 26 de julho de 2020, por um grupo de homens fardados e armados com AK-47, que destruíram os equipamentos e deixaram alguns materiais no lixo, de acordo com os relatos dos responsáveis na altura.
A Capital FM é uma iniciativa lançada em 2015, por um grupo de jornalistas liderado por Lassana Cassamá, atual correspondente da Voz da América no país. Para além da estação em Bissau, o grupo Capital Média conta também com uma rádio comunitária na região de Gabú, a “Leste FM” e um jornal online, o Capital News.
Em declaraçoes aos jornalistas, o diretor executivo interino da Capital FM, Sumba Nansil, explicou que com o aproximar da data a direção da rádio pediu um encontro com a Polícia Judiciária (PJ) e a Procuradoria-Geral da República para obter algumas informações sobre as investigações levadas a cabo. Frisou que foram recebidos pela direção nacional da PJ que lhes informou que o processo é muito complexo e que o autor do crime foi inteligente no seu ato, por isso exige muito trabalho”.
“Significa que até este momento não temos nada sobre o autor do crime de vandalização da rádio. Infelizmente o nosso esforço não resultou em nada! É muito triste o que estamos a assistir : um ano depois as autoridades que investigam o processo não conseguiram encontrar ainda nenhuma pista ou suspeito do crime” disse, para de seguida, recordar que ficaram um mês sem trabalhar devido a vandalização dos materiais.
Assegurou que a PJ pediu-lhes que continuem a acreditar nela e que farà todos os esforços para apurar os responsáveis pela destruição da rádio.
Questionado se conseguiram recuperar a cem por cento os materiais para o funcionamento, respondeu que conseguiram recuperar para funcionar graças a solidariedade da Rádio Mulher de Bafatá que lhes emprestou alguns materiais, tendo assegurado que a direção conseguiu recuperar alguns materiais e devolveu parte dos materiais emprestados pela Rádio Mulher.
Lembrou que a empresa de Electricidade e Água da Guiné-Bissau (EAGB) obrigou a rádio a mudar o contador, o que criou o apagão que facilitou os assaltantes. Enfatizou que daquela data até hoje foram obrigados a pagar a EAGB dois milhões de francos cfa pelo fornecimento de energia elétrica.
“Impuseram-nos um contador que quando compramos o saldo de 50 francos sao-nos descontados 25 francos. Graças aos esforços da administração conseguimos cobrir a dívida”, lamentou.
SINJOTECS EXIGE RESPEITO AOS PROFISSIONAIS DE MÉDIA
Por sua vez, a presidente do Sindicato dos Jornalistas e Técnicos de Comunicação Social (SINJOTECS), Indira Correia Baldé, exigiu respeito e fim de atentados e agressões contra os profissionais da comunicação social, porque “os órgãos da comunicação social estão apenas a fazer o seu trabalho, e apenas a gozar do direito dado pela Constituição da República”.
“Os jornalistas estão sendo atacados em plena luz do dia por causa do seu trabalho não é possível. Qual é o tipo de Estado que queremos para a Guiné-Bissau” questionou, prometendo que não vai calar-se perante situações de atentados contra a imprensa guineense e seus profissionais porque “um país não pode funcionar sem diálogo”.
Por: Assana Sambú
Foto: A.S