O coordenador do Gabinete de Estudos e Reflexão da Resistência da Guiné-Bissau – Movimento Bafáta (RGB–MB), Afonso Gomes, afirmou que a ausência do seu partido no Parlamento, derivada de conflitos internos, reduziu a produção legislativa e a promoção de valores democráticos para a sociedade guineense, o que não terá contribuído para o avanço do país.
O dirigente político falava durante a comemoração do 35º aniversário do Partido, que se assinala hoje, 27 de julho de 2021, sob o lema “Guiné-Bissau em primeiro lugar”.
O coordenador lamentou que o seu partido não tenha tido a oportunidade para concretizar o processo de transição democrática e poder criar “o referencial de valores na sociedade guineense”.
Na sua intervenção, Afonso Gomes disse que o objetivo do partido RGB-MB é unir os partidos políticos em conflito, porque tem sido recorrente na Guiné-Bissau que estes não se entendam depois dos processos eleitorais.
“Não é agradável ter um país sem liberdade nem a educação, com as sucessivas paralisações na função pública”, criticou. Numa clara alusão à atuação do atual regime no poder, Afonso Gomes salientou que os guineenses vivem de novo a experiência de um partido único no poder que outrora proibia a liberdade de expressão e a educação aos guineenses.
“Quando não apostamos na educação, significa que estamos a cortar o futuro da juventude e a sua liberdade”, indicou. Contudo, afirmou que houve momentos em que a sua formação política também conheceu conflitos internos, o que o levou a ficar muitos anos fora do xadrez político guineense.
A Resistência da Guiné-Bissau Movimento Bafata (RGB-MB) foi fundada em Portugal a 27 de julho de 1986 por Domingos Fernandes Gomes, entretanto já falecido. Segundo Afonso Gomes, havia várias organizações não formais que lutavam para a reivindicação da democracia no país, uma luta que culminou em prisões arbitrárias, assassinatos e fuzilamentos, que originou o chamado ‘caso 17 de outubro de 1986’.
Por: Noemi Nhanguan
Foto: N.N