Médicos e técnicos de saúde militar foram recrutados pelo governo, através do ministério da Saúde Pública, para “salvar vidas” de pacientes críticos internados no Hospital Nacional Simão Mendes (HNSM), em Bissau.
São no total seis profissionais militares recrutados para assegurar o funcionamento dos serviços mínimos considerados mais críticos, designadamente, um para a maternidade, um para o serviço de urgências, um para o serviço de ortopedia, um cirurgião para bloco de operatório, e dois técnicos, um da reanimação (anestesia) e um instrumentista.
O boicote ao trabalho no setor de saúde, a nível do país, iniciado na segunda-feira e por tempo indeterminado, foi convocado pelo Sindicato dos Quadros Superiores de Saúde (SINQUASS) e o Sindicato Nacional dos Enfermeiros, Técnicos de Saúde e Afins (SINETSA). Esta é a nona vaga da greve convocada pela União Nacional de Trabalhadores da Guiné – Central Sindical (UNTG – CS), que decorre de 1 a 30 do mês em curso.
Os técnicos reivindicam, entre outros pontos, de acordo com a informação apurada, o pagamento de salários e subsídios em atraso, o enquadramento efetivo do chamado Estatuto do Pessoal de Saúde e a melhoria de condições nos centros de atendimento aos doentes da covid-19.
O diretor-geral do hospital nacional Simão Mendes, Sílvio Coelho, confirmou ao semanário O Democrata a presença de médicos militares, recrutados pelo governo para dar apoio ao hospital abalado pela greve dos sindicatos de base.
“Não foi observado o serviço mínimo em nenhum departamento desde o início do boicote e até às 00 horas desta terça-feira. Face à não observância do serviço mínimo, decidimos orientar os pacientes mais críticos aos hospitais e às clinicas privadas”, disse.
O médico especialista em dermatologia explicou, por exemplo, que seis crianças foram tiradas do serviço da pediatria, das quais quatro foram transferidas para a clínica “Renato Grandi” e duas para a clínica de Bôr.
“Aconselhamos os pacientes a procurarem o atendimento no hospital militar e outras clínicas. O hospital militar foi obrigado a aumentar a sua capacidade de atendimento devido ao boicote que se regista a nível de todos os hospitais públicos do país”, contou.
Explicou ainda que os médicos e enfermeiros do hospital militar estão a trabalhar no hospital Simão Mendes desde as 00 horas desta terça-feira.
“Essa foi a solução encontrada pelo ministério de Saúde para ajudar a população na falta do serviço mínimo que não está a ser observado pelos técnicos de saúde”, esclareceu.
Contatado por O Democrata, o secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné – Central Sindical, Júlio António Mendonça, assegurou que o serviço mínimo já está a ser observado em diferentes serviços do hospital nacional Simão Mendes, assim como nos centros de saúde nas regiões.
“Até agora não recebemos nenhum contacto do governo. Ontem o governo reuniu-se com os dirigentes dos sindicatos de base e deu garantias que voltaria a reunir-se com a UNTG. Infelizmente, até ao momento não recebemos nenhum contacto do governo”, disse para de seguida, assegurar que a greve vai prosseguir até ao fim do mês em curso.
Por: Assana Sambú