O governo pretende avançar com a requisição civil “para minimizar o sofrimento dos pacientes” nos hospitais públicos da Guiné-Bissau.
Desde a detenção, na sexta-feira, 22 de outubro de 2021, dos dois líderes sindicais do setor de Saúde, os hospitais e centros de saúde do país, incluindo o Hospital Nacional Simão Mendes, estão fechados em solidariedade para com os detidos: Yoio João Correia e João Domingos da Silva.
O Democrata constatou que os doentes internados estão a abandonar os hospitais públicos. O facto levou a que o Hospital Militar e as clínicas estejam sobrelotados. No Hospital Militar, vê-se os doentes a tomarem soro nos corredores e não há camas suficientes para o internamento.
Uma fonte sindical disse a O Democrata que o Ministro da Saúde Pública, Dionísio Cumba, pretende reunir-se hoje com os estudantes do 3° ano do curso de enfermagem superior da Universidade Jean Piaget, da Escola Nacional de Saúde e os de 4° e 5° ano da Faculdade de Medicina com o objetivo de contratá-los para assegurar os serviços mínimos nos hospitais e centros de saúde do país.
“A Guiné- Bissau conta com nove (9) áreas sanitárias. Certo é que estes estudantes não vão conseguir fazer a cobertura nacional. Talvez consigam fazer os serviços mínimos no hospital Simão Mendes. As vigílias que estamos a fazer, a nível nacional, é para exigir a libertação incondicional dos nossos líderes, porque não cometeram nenhum crime” disse o confidente, afirmando que a luta para a dignificação da classe vai continuar “quer caia chuva ou pedra, até que sejam melhoradas as condições de trabalho dos profissionais de saúde”.
“Aliás, o atual ministro da saúde, Dionísio Cumba, em 2019, enquanto médico, tinha reconhecido que os profissionais da saúde trabalham sem mínimas condições. Hoje, devia ser ele, a trabalhar para mudar essa realidade constatada há dois anos, mas está a fazer o contrário. Ele agora pretende recorrer aos estudantes que não terminaram o curso para irem fazer prática nos pacientes. Isso dói para quem alega ser médico” concluiu o confidente.
Há quase 10 meses que a função pública está em sucessivas greves. Depois da detenção dos líderes sindicais do sector de saúde, a União Nacional dos Trabalhadores da Guiné disse que “por agora não há condições para negociar com o governo, enquanto os sindicalistas se mantiverem presos nas celas da polícia judiciária”.
Por: Tiago Seide