O ministro da Saúde Pública, Dionísio Cumba, negou esta segunda-feira, 25 de outubro de 2021, que tenha a intenção de avançar com uma requisição civil de técnicos de saúde para prestar serviço nos hospitais nacionais, com o intuito de socorrer pacientes, de acordo com a notícia publicada ontem pelo semanário O Democrata.
“Ouvi também esta informação esta manhã, mas quero aqui desmenti-la categoricamente. Nunca e em nenhum momento pronunciei essa palavra, que vou recrutar estudantes do 3° ano de enfermagem ou do 4° e 5° anos da Faculdade de Medicina. Nunca dei essa informação, mas infelizmente ouvi na rádio e aproveito estes microfones para desmentir essa notícia”, disse.
O ministro falava aos jornalistas esta segunda-feira à margem da cerimónia do lançamento da campanha de vacinação contra a Covid-19, realizada no anfiteatro da Escola Nacional de Saúde, em Bissau.
O semanário O Democrata publicou no domingo, na sua página online, uma notícia que dizia que o ministro da Saúde Pública, Dionísio Cumba, pretendia reunir-se com os estudantes do 3° ano do curso de enfermagem superior e os de 4° e 5° ano da Faculdade de Medicina com o objetivo de contratá-los para assegurar os serviços mínimos nos hospitais e centros de saúde do país.
Dionísio Cumba assegurou na sua declaração à imprensa que o ministério tem técnicos e que vai contar com os mesmos e até prova em contrário que os referidos técnicos não querem colaborar.
“Estamos abertos para criar um espaço de diálogo para podermos, juntos, lutar contra o vírus da covid-19 na Guiné-Bissau”, notou.
Questionado sobre a situação dos hospitais a nível nacional devido à paralisação dos técnicos de saúde que está em curso desde sexta-feira passada, explicou que os hospitais não estão a funcionar a cem por cento, porque “há uma paralisação levada a cabo pelos técnicos de saúde que chamaram de boicote, por causa de várias coisas que exigem no caderno reivindicativo entregue ao governo”.
Assegurou que o governo já tem conhecimento de todas as dificuldades enumeradas pelos técnicos no caderno reivindicativo, tendo lembrado que, quando assumiu o ministério, tomou a iniciativa de efetuar uma visita aos hospitais de diferentes zonas para inteirar-se melhor das condições das infraestruturas e do trabalho.
“Promovemos uma reunião com a ordem dos médicos e com os líderes sindicais de diferentes estruturas, já fizemos vários encontros no sentido de encontrarmos uma solução conjunta, mas isso não foi suficiente e eles decidiram avançar com esta estratégia” disse, para de seguida lamentar a situação, enquanto profissional de saúde, porque no seu entendimento “não se pode trocar a vida humana por nenhum tipo de reivindicação ou prestígio”.
“Nós juramos para isso e temos que continuar a fazê-lo. O governo está a acompanhar-me nessa situação e mostrou a sua total disponibilidade. Pedi aos líderes sindicais para deixarem-me usar a minha influência junto do governo a fim de encontrar uma solução viável, mas infelizmente decidiram avançar por esta via”, lamentou.
Sobre a detenção dos dois líderes sindicais que levou os técnicos de saúde a abandonarem os serviços em solidariedade com os seus dirigentes, o ministro da Saúde Pública disse que essa detenção é um assunto que compete ao Ministério Público e que o ministério da Saúde Pública não tem nenhuma palavra a pronunciar sobre essa matéria.
Interrogado se a paralisação dos técnicos da saúde não pode comprometer a campanha da vacinação, Dionísio Cumba esclareceu que o ministério envolveu a brigada médica cubana que disponibilizou toda a sua equipa para ajudar na campanha de vacinação.
Acrescentou que conseguiram, em tempo, recorde, formar muitos voluntários que também estão disponíveis para avançar com a campanha de vacinação.
“Vamos concentrarmo-nos aqui no setor autónomo de Bissau para consumirmos as 26 mil doses da vacina que cujos prazos de validade vão vencer em Outubro e depois avançar com outras vacinas que têm os prazos de validade mais dilatados para vacinar as nossas populações”, contou.
Relativamente às vozes que defendem a sua demissão devido à sua incapacidade para resolver a crise no setor da saúde, Dionísio Cumba disse desconhecer as razões que o levaria a colocar o seu lugar a disposição.
“Porque aquilo que eu fiz até hoje, acho que está à vista de todo o mundo. Estamos a procura da solução e mesmo pondo o meu lugar a disposição, vou voltar a trabalhar como médico e naquelas mesmas condições. Aquilo que estou a fazer é tentar ver como é que podemos convencer o governo a eleger o setor de saúde como prioritário para o próximo Orçamento Geral de Estado e estamos a trabalhar nisso”, notou.
Por: Assana Sambú
Foto: A.S