Cipriano Cassamá: “DISCURSO MUSCULADO E INTIMIDATÓRIO AMEAÇAM DESABAR PILARES DO ESTADO DE DIREITO DEMOCRÁTICO”

O presidente da Assembleia Nacional Popular, Cipriano Cassamá, advertiu esta quinta-feira, 04 de novembro de 2021, que o discurso musculado e intimidatório, a banalização e o desrespeito pelas instituições da República, as decisões unilaterais furtivas em assuntos de interesse nacional que no mínimo requerem consenso ou consulta institucional, ameaçam desabar os pilares do estado de direito democrático e a independência e soberania conquistada com sacrifícios e sangue de mulheres e homens guineenses.

O líder do Parlamento fez esta chamada de atenção na cerimónia de abertura do ano legislativo 2021 e 2022. A sessão solene de abertura contou com a presença de corpos diplomáticos, representantes dos organismos internacionais acreditados no país, ex-presidentes da ANP e outras entidades nacionais. 

Cipriano Cassamá disse que o país vive um momento particularmente conturbado da sociedade pluralista, com várias e múltiplas manifestações de intolerância político-social e étnico-tribal e de recusa ao império da lei.

O responsável do hemiciclo guineense, lembrou que nos últimos tempos tem persistido e multiplicado de intensidade a onda de intimidações e de detenções à margem de lei, provocada por comportamentos individuais e de grupo que revelam insensatez, falta de discernimento político e predisposição para o confronto, a agressão, a violência verbal e física contra os cidadãos comuns, membros e dirigentes das associações representativas dos nossos concidadãos, sequestros e espancamentos de membros das ordens socioprofissionais no exercício de direito fundamental à greve, por elementos de forças policiais.

“Questiona-se a responsabilidade política dos deputados diante dos sofrimentos dos nossos concidadãos indefesos e pacíficos, que juramos fidelidade pela Constituição da República. Qual é o significado do nosso compromisso político para com os nossos eleitores, somos merecedores da confiança daqueles que nos concederam o mandato parlamentar”, questionou.

Cassamá assegurou que a tentativa de subalternizar e amedrontar um órgão de soberania é demonstrativo de quanto distorcido e distante da lei fundamental ergue-se uma certa concepção do poder político e do seu exercício, que resume apenas a um problema de confiança recíproca das instituições políticas, sociais, econômicas, culturais e tradicionais. 

Alertou que o jogo obscuro do poder político no poder judicial revela sinal de intolerância e distorção ao princípio da interdependência dos poderes e desacredita a justiça e as mulheres e homens honestos que nela labutam quotidianamente, no intuito de tornar no pilar do estado e da democracia.

Adiantando que o país sobreviveu a crise e ciclos de conflitos civis e militares, mas em nenhum momento tentou-se subverter a lógica democrática e o poder popular, com tentativa de subalternização da soberania nacional em troca de interesses inconfessos.

Por: Aguinaldo Ampa

Foto: A.A   

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