O Embaixador da República Popular da China na Guiné-Bissau, Guo Ce, negou que existam conflitos inter-religiosos na China, sobretudo na comunidade Uigure, província de Xinjiang. Segundo os relatos da mídia ocidental, a China terá criado na província de Xinjiang campo de concentração e cometido genocídio contra a comunidade de Uigure, cuja maioria professa a religião muçulmana.
O diplomata chines fez essa afirmação esta segunda-feira, 21 de março de 2022, no encerramento do seminário de sensibilização aos jornalistas e líderes religiosos guineenses, para informar a opinião pública guineense sobre a China, particularmente para esclarecer o que se passa na província de Xinjiang, sobretudo a nível da comunidade muçulmana Uigure.
Guo Ce disse que contrariamente às informações do ocidente, essa comunidade tem crescido e desenvolvido muito no seu país e afirmou que em Xinjiang, província apontada pelos Estados Unidos da América, como campo de concentração e de genocídio, tem mais de 24 mil mesquitas em média uma para cada 530 muçulmanos.
“Na China não temos uma única religião predominante, portanto não temos esse fenómeno de pessoas que têm crença por uma determinada religião a atacar ou a reprimir outras pessoas”, sublinhou, para de seguida informar que na China existem 56 grupos étnicos, dos quais alguns professam o Islão.
Para Guo Ce, julgar ou conetar a religião muçulmana com o terrorismo “é um ato incorreto”, porque “quem escravizou os africanos e levou-os para a plantação da cana de açúcar e do algodão nas américas são os ocidentais, não os chineses”.
Guo Ce disse esperar que a comunidade muçulmana guineense, depois de recolher todas as informações sobre essa região autónoma, possa disseminar informações que ajudem a sensibilizar e a esclarecer as comunidades locais.
Por sua vez, o Bastonário da Ordem dos Jornalistas da Guiné-Bissau, António Nhaga, realçou o fato de a Embaixada da República Popular da China no país ter encarado esse desafio e convocar os jornalistas e líderes religiosos guineenses para discutir abertamente esta situação e mostrar o verdadeiro rosto e a realidade que se vive na comunidade Uigure.
António Nhaga disse esperar que doravante o jornalismo nacional deixe de ser um jornalismo de três “D´s” (desigualdade, desprofissionalização e de demagogia) em relação à China, porque” estamos interessados em conhecer bem este país”.
O jornalista Bacar Camará, coordenador da Plataforma China Real na Guiné-Bissau, disse que há contradições entre a realidade da China e o que se diz sobre ela, em particular da região autónoma de Xinjiang.
“A informação de aniquilar um grupo de pessoas não corresponde à verdade. Constatamos mesmo nos dados do ocidente os indicadores que revelam que a região cresceu 1, 15%, ultrapassando a taxa média da China, entre 2010 e 2020”, desafiou.
Refira-se que Xinjiang é um território autónomo no noroeste da China. Uma vasta região de desertos e montanhas, considerada o lar de muitos grupos étnicos minoritários, incluindo o povo Uigure. A população Uigure é principalmente muçulmana. É uma das 56 etnias reconhecidas pelo governo popular da China.
Por: Filomeno Sambú
Foto: F.S