
A vida no planeta só é possível devido à presença ou existência da água, portanto, preservar as fontes de água é primordial para a nossa sobrevivência. Este é um elemento essencial para a saúde humana, razão pela qual a sua produção e fornecimento deve ser motivo de grande preocupação do Governo e entidades gestoras dos sistemas públicos de abastecimento.

Figura 1 Fontanário de abastecimento comunitário em Tchangué
O dia 22 de março é comemorado em todo o mundo como o Dia Mundial da Água, no entanto, um dos desafios é a consciencialização sobre a importância da água e a sua respetiva gestão conjugada à acelerada escassez a nível mundial, e em particular na Guiné-Bissau.
Os problemas ligados à disponibilidade e gestão dos recursos hídricos estão, essencialmente, associados a fatores como mudanças climáticas, numa pequena escala considerada como fator incontrolável, e aos fatores humanos, no caso da exploração abusiva das reservas naturais em água, e má gestão dos recursos considerados como controláveis.
A Guiné-Bissau está ameaçada fortemente pela escassez da água, devido à subida do nível médio das águas do mar e consequente devastação das zonas húmidas, que no passado eram cobertas, essencialmente, por águas doces superficiais.
Essa tendência é bem presente nas comunidades rurais. Quase por todo o território nacional se constata a escassez e falta de meios adequados para a exploração desse recurso natural renovável, devendo-se essencialmente a:
- Falta da atuação do Governo. Ausência das políticas e intervenções do Governo nas comunidades rurais e consequente desvalorização de tais serviços no interior do país;
- Os projetos financiados pelos parceiros da cooperação são de grande importância e ajudam a mitigar os impactos nas diversas vertentes no meio rural. Um dos problemas constatados é a impossibilidade da cobertura em termos das necessidades ou demandas locais;
- Falta de seguimento e desaparecimento dos grandes investimentos por falta de competência na gestão e falta de formação e capacitação como ferramenta importante no processo do desenvolvimento local;
Muitas comunidades rurais apresentam fortes condicionantes e desafios a nível da captação, transporte e distribuição das águas, recorrendo a meios como furos isolados nas habitações, sem qualquer forma de inspeção e controlo, bombas manuais feitas no âmbito dos projetos sem seguimento e manutenção preventiva ou periódica, como se pode ver nas seguintes imagens.

Figura 2 Sistema equipado com poço e depósito numa habitação familiar em Cumura

Figura 3 Furo equipado com bomba manual, Sindjan, Bolama Bijagós

Figura 4 Furo de praça em Mansoa, equipado com eletrobomba e painel solar
No contexto rural guineense, pode-se considerar que a sociedade evoluiu, as tendências mudaram, a demanda aumentou consideravelmente. No entanto, o uso racional da água deveria merecer toda a atenção das autoridades competentes e também das populações sobretudo nas comunidades vulneráveis.
Como saída, evidenciam-se soluções que, do ponto de vista técnico, possam ser viáveis para toda a problemática ligada à obtenção e gestão da água em quantidade e qualidade desejada.
Soluções a curto prazo: Capacitação em massa nas comunidades rurais na perspetiva dos recursos humanos ao nível da criação de comités de gestão dos pontos de água, facto que poderia contribuir para um consumo e exploração racional da água, a capacidade na construção e manutenção das infraestruturas da água.
Soluções a longo prazo: Adotar políticas de gestão da água tanto na capital como nas zonas rurais, aquisição de tecnologias sustentáveis como conceção de estações de tratamento da água, por exemplo da dessalinização.
- Dessalinização trata-se duma técnica usada para extrair sal da água, neste caso, as águas do mar, tornando-a própria e adequada para o consumo humano e outros fins necessários.
Como conclusão e dada a importância deste tema, no debate aos desafios do desenvolvimento sustentável, é necessário que sejam tomadas medidas e políticas adequadas para uma boa gestão dos recursos hídricos e que atenda a todas as necessidades da camada social vulnerável.
Por: Hans Queta,
Engenheiro Ambiental