
A gestão de fundo doado no quadro da realização em Agosto último da 7ª edição da escola nacional de voluntariado em Canchungo, está a suscitar discordia entre os membros da direcção desta organização juvenil dirigido por Osvaldo Nanque. Tudo começou com a apresentação, numa reunião de Direcção, do balanço de contas do fundo total do evento estimado em mais de dez milhões de francos CFA.
Segundo uma fonte bem colocada na Rede Nacional de Associações Juvenis (RENAJ), o Presidente da República de Transição, Serifo Nhamadjo, ofereceu 8 milhões de francos CFA para a realização do referido evento juvenil que juntou quase 300 participantes. A este valor junta-se o montante das contribuições individuais fixadas em 10 mil francos CFA por cada participante. O envelope doado pelo Fundo das Nações Unidas para População (FNUAP) permitiu cobrir os custos de restauração durante o evento. O apoio financeiro do FNUAP eleva-se a 2 milhões de francos CFA.
Num universo de 250 indivíduos que pagaram as incrições, o montante da contribuição se eleva a 2 milhões 500 mil Francos CFA. Em suma, os organizadores da última edição geriram um fundo (líquido) de aproximadamente 10 milhões de francos CFA.
Mas, a questão que está a suscitar a revolta prende-se com o facto de a Comissão ter utilizado quase todo o dinheiro em apenas 15 dias do evento sem justificativos convencentes. Alguns membros da Direcção não hesitam em admitir a possibilidade de desvios de fundos e exigem explicações claras por parte da Comissão organizadora e do presidente da organização, Osvaldo Nanque.
Segundo os revoltados, as explicações da comissão estão longe de convencer associados tendo em conta que nas edições precedentes com mais participantes gastou se uma soma inferior a 6 milhões de francos CFA. “Em 2010 em Bafatá participaram quase 400 pessoas e gastou se pouco menos de 6 milhões de francos CFA e é inconcebível que num evento similar com menos participantes se gaste 10 ou 11 milhões francos”, negou um dos associados.
Contudo, uma fonte da Direcçao da RENAJ confiou ao Jornal O Democrata que o orçamento inicialmente previsto para a edição de 2012 sofreu alterações devido o acrescimo de participantes que foram alimentados a custo zero pela Comissão organizadora.
A mesma fonte, em jeito de justificativo, disse igualmente que uma parte do dinheiro da Presidência foi partilhado com o Fórum Nacional de Juventude e População sem especificar o valor e afasta a hipótese de desvio de fundos.
Mas, de acordo com o Secretário Executivo do Fórum Nacional de Juventude e População, a sua organização apenas recebeu 500 mil francos CFA. Além disso, O Democrata soube igualmente que a RENAJ recebeu durante o evento na cidade nortenha a visita do Director do Porto de Bissau, Augusto Cabi que, na ocasiao ofereceu 2 sacos de arroz, 20 litros de azeite e algumas caixas de vinho e cerveja.
De acordo com a nossa fonte, instalou-se a polémica na RENAJ na sequência da apresentação, em Setembro passado do balanço de contas do evento. Cépticos face a explanação da comissão, alguns membros da Direcção mostraram-se descontentes e poucos convencidos com as contas ora apresentadas.
Já passaram três meses e a Comissão organizadora da escola nacional de voluntariado não conseguiu apresentar, numa Assembleia Geral reunida, o relatório de contas, facto que está gerar desconfiança no seio de associados sobre possíveis desvios ou mau uso de fundos pelos organizadores da formação.
O Democrata soube ainda que Gaio Gomes, vice-responsável de depatamento de elaboração de projectos e Marketing,responsavel para a área pedagógica de 7ª edição da escola nacional de voluntariado em Canchungo e iguamlmente apresentador do programa “RENAJ em Atena” na Rádio Jovem, foi suspenso das suas funções pelo presidente Osvaldo Nanque. A “cessasão das funções” do jovem Gaio veio ao público num circular datado de 30 de novembro a que O Democrata teve acesso. Segundo a nossa fonte, Gaio foi suspenso na sequência de uma carta muita crítica de 10 páginas enviada ao Conselho Fiscal e a Direçao da rede. No referido circular a que O Democrata teve acesso, o Gaio é acusado de ter “vindo a fazer ataques desprovidos de qualquer fundamento e de carácter altamente insultuoso ao presidente e aos membros da RENAJ”.
Descontente com a atitude do jovem apresentador, Osvaldo Nanque decidiu a sua pura suspensão evocando o artigo 9º número 2º do Estatuto da RENAJ. Mas, esta decisão é contestado por vários membros. Segundo eles, a luz do Estatuto da RENAJ, o presidente não tem competências para suspender qualquer membro. O único orgão competente para efeito é Conselho Disciplinar com poderes de averiguar e aplicar a suspenção a um membro caso o entender necessário.
Nanque é igualmente acusado de ter usado, de forma unilateral, o nome da organização nas actividades políticas protagonizadas pela Frente Nacional Anti-Golpe Frenagolpe, criada na sequência do golpe de Estado de 12 de Abril. “A RENAJ é uma organização apartidária pelo que não deve envolver-se nas actividades política” sem o aval dos membros, lamentos um dos associados.
Por: Sabino Mertche/Assana Sambú