“Na sociedade onde a Mulher é cativa”

A nossa sociedade está a ficar cada vez mais pior, porque as mulheres continuam a ser escravizadas, a título de exemplo, recentemente, na Guiné-Bissau, na zona leste do país, concretamente na região de Bafatá, setor de Contubuel, uma mulher vítima de queimadura perpetrado pelo parceiro (marido) com quem teve cinco filhos, por alegada desobediência da esposa por não preparar a comida. Segundo as autoridades locais, este é o segundo caso registado na região.

É caso para dizer, pelo menos esse caso, felizmente, foi tornado público. Quantos casos omissos tanto no país como fora desse espaço? Não podemos manter no silêncio, e fingirmos como se não acontecesse. Na verdade, para que as autoridades possam atuar é necessário que as sociedades onde ocorrem essas violências as tornam públicas, isto é,  quem sofre a violência deve ter a coragem de denunciar junto das autoridades. Mas para isso acontecer, é preciso que haja uma garantia por parte das pessoas que atuam em nome do poder político, que passa necessariamente para o sigilo profissional e garantir também ao anonimato. Pois, a maioria de pessoas que sofrem de violência tem medo de denunciar  para não serem atacadas, por vezes, por familiares ou habitantes na comunidades onde vivem.

A violência também pode ser vista noutro ângulo, por exemplo, na sociedade guineense, a mulher é única dona de casa, isto é, as lides de casa devem ser asseguradas exclusivamente pela mulher. então, o homem tem o papel de assegurar o quê? Lamentavelmente, esta ideia remota continua a pairar na nossa sociedade. Onde está o papel paterno que os homens reclamam? Com efeito, muitas mulheres continuam a labutar para assegurar as despesas de casa de muitas famílias guineenses. Muitos homens nem sequer assumem o papel paterno (alimentação, educação, criação, afetos dos filhos), ao passo que as mulheres que tanto menosprezam nessas sociedades passam a assumir esse papel paterno.

Portanto,  deve haver equilíbrio no tratamento entre homem e mulher. No dia em que isso deixar de existir, talvez teremos menos violência doméstica praticada por homens. Não negamos que, de qualquer jeito, há mulheres que praticam violência doméstica contra os homens, mas de número ínfimo. A violência, como dissemos, pode ser de diferentes formas, física, psicológica e de marginalização. Qualquer uma delas deve ser evitada. Devemos promover e apoiar as pessoas para denunciar qualquer tipo de violência seja ela de que ordem for.

Lisboa, 12 de abril 2022

Por: Tchokni Npaca

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