PROJETO ARQUEOLÓGICO ANUNCIA ESCAVAÇÕES NOS ANTIGOS EDIFÍCIOS DOS TEMPOS DA ESCRAVATURA EM CACHEU

Os antigos edifícios do Memorial da Escravatura na cidade de Cacheu, norte da Guiné-Bissau, serão escavados para efeitos de um estudo arqueológico, que permita encontrar vestígios onde os escravos eram concentrados temporariamente antes da grande travessia do Atlântico.

A intenção foi anunciada esta quarta-feira, 20 de abril de 2022, pelo Diretor Executivo da ONG Ação para o Desenvolvimento (AD), Tumane Camará, durante o lançamento da campanha arqueológica sobre a escravatura em Cacheu, em curso.

O projeto começou em 2012 e visa promover, conservar e valorizar o património histórico e cultural da antiga cidade de Cacheu.

O Diretor do Projeto de Arqueologia, Rui Gomes Coelho, disse que diversos projetos arqueológicos só farão sentido se forem desenvolvidos a partir das comunidades e tentar responder às questões das alterações climáticas e mudanças ambientais ocorridas na região de Cacheu.

Rui Gomes Coelho frisou que o estudo levará em consideração como foi que a comunidade de Cacheu sobreviveu a essas mudanças desde a escravatura e como foi que se adaptou e superou esses desafios.

Coelho disse que o estudo quer encontrar respostas que possam ajudar a esclarecer como os escravos viviam e como as comunidades se adaptaram à agricultura.

Sobre a estrutura do memorial, Rui Gomes Coelho disse que cabe à nova geração de Cacheu, enquanto cidade histórica, definir como pode atrair o turismo, visitantes e gerar uma economia cultural baseada na história dramática da escravatura. Mas que também deve ser associada a toda riqueza cultural que existe na região de Cacheu.

“Cacheu tem um potencial turístico fenomenal e global e nós falamos com os visitantes de Cabo-Verde que nos disseram exatamente a mesma coisa”, enfatizou .

Por outro lado, o Diretor de Formação da AD, Jorge Camilo Handem, revelou que há algumas afirmações históricas que garantem que a técnica de produção do arroz da Guiné-Bissau foi levada para o além-mar, nomeadamente para os Estados Unidos da América.

“Estas amostras de arroz, se surgissem como experiência em termos de vestígios, seria muito importante para nós.  Teremos também informações para podermos ter uma marca em termos do nosso património histórico”, afirmou.

Handem afirmou que a AD sempre tem dado passos para a valorização da história da Guiné-Bissau e ainda pauta pela continuidade de estudos, através da arqueologia, que pode permitir que os guineenses se apropriem da sua própria história, que pode alavancar o desenvolvimento e o potencial turístico de Cacheu e da Guiné-Bissau.

Por: Djamila da Silva

Foto: D. S

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