
Era muito claro que o propósito do encerramento das estações emissoras não tinha enquadramento legal. O tempo, o maior juiz, não tardou a ditar a sentença. Afinal não havia lei para sustentar e regular a atribuição de alvarás, seus custos, periodicidade, etc! A aprovação do novo decreto, em conselho de ministros na semana passada, confirmou e dissipou as dúvidas para os que ainda as tinham. Tanta ilegalidade, tanto amadorismo!
As questões que se colocam agora são estas: Como o governo vai compensar os prejuízos causados às rádios, prejuízos morais e financeiros?
As rádios que se submeteram à medida do governo, qual será a sua posição depois do último comunicado do executivo?
Os sistemáticos ataques contra os órgãos de comunicação social e os jornalistas confirmam o rumo que se pretende com o país, silêncio e alinhamento. Se não se alinha, então deve ficar calado. É o grande propósito desta vasta campanha contra estações emissoras a escala nacional e local. Este regime sabe perfeitamente que não está em condições de dar respostas aos inúmeros problemas que o povo está a legitimamente a reclamar.
A inflação galopante no mercado nacional, a queda do poder de compra do cidadão, as crises nos setores educativo e sanitário, a insegurança dos cidadãos a todos os níveis, a lista é interminável.
A distância entre promessas e a realidade acima descrita é grande! O maior pecado das estações emissoras, em destaque as rádios, é o facto de terem colocado o microfone perto da boca do povo, sobretudo com as facilidades na era da internet. As rádios estão muito próximas das comunidades. Esta proximidade incomoda um regime que quer reinar com absolutismo e longe do escrutínio público. Eis o problema!
A tendência natural da evolução do mundo é mal interpretada por muitos, incluindo os que assumem fazer política neste país! Estão confinados em iluminações e daí tentam ver a sociedade, mas com prisma desconetado!
Perante este quadro, à própria imprensa cabe a histórica responsabilidade de se afirmar através da observância da legalidade, através de profissionalismo. O erro que a imprensa não pode dar-se o luxo de cometer é legitimar as ilegalidades e práticas impróprias. Pela vocação, a imprensa deve lutar sem tréguas para sua autonomia e independência ao serviço da democracia e do povo!
Por: Armando Lona
Editor Chefe