O presidente da Associação Guineense de Doadores de Sangue Voluntário (AGUIDAVS), Gentil da Silva, revelou que não existe nenhuma política nacional de sangue. Segundo avançou, o decreto que criou do banco de sangue na era colonial não foi revogado até ao momento e que os doadores têm dado sangue sem nenhum suporte e nem política nacional de sangue.
Gentil da Silva afirmou que existe um draft sobre o processo de doação de sangue que deverá ser remetido ao Conselho de Ministro para discussão e eventual aprovação.
“Esse é um aspecto muito importante, porque não podemos estar a fazer transfusão sem nenhuma política nacional de sangue”, criticou.
O ativista sublinhou que o banco de sangue do Hospital Nacional Simão Mendes está com problemas de stock, porque tem sobrecarga, é o único banco que está a funcionar a nível nacional e faz no mínimo 25 transfusões por dia. E desse número, um doente pode levar até quatro bolsas de sangue.
Para Gentil da Silva, a resolução passa necessariamente pela descentralização dos serviços de transfusão de sangue em diferentes hospitais e regiões, para permitir que HNSM possa aliviar da sobrecarga que tem tido.
O ativista criticou o fato de o Estado não ter criado condições para os doadores e que sejam os familiares dos doentes a dar-lhes o lanche.
“O governo, enquanto gestor e politicamente responsável pelas ações de governação, deveria apoiar os doadores de sangue. Temos estado constantemente a sensibilizar e consciencializar as pessoas para aderirem à nossa organização, mas faltam incentivos”, afirmou.
O presidente da organização de doadores de sangue disse que precisam de meios para continuar as atividades de sensibilização, que constitui um processo de mudança de comportamento e que “não é nada fácil e ainda é moroso convencer pessoas a doar sangue”.
“Há até doentes que são evacuados das regiões para receber sangue em Bissau, mas essa questão pode ser resolvida a nível local, só falta é uma campanha de sensibilização”, explicou.
Sobre a especulação da venda de sangue, Gentil da Silva nega que os seus associados estejam envolvidos nessa prática e disse que o número de doadores disponíveis não corresponde às demandas diárias do hospital Simão Mendes.
“Doar sangue representa para mim salvar vidas e fico feliz por ter ajudado a salvar vidas de muitas pessoas com as quais partilho o mesmo grupo sanguíneo”, disse.
Os dados da organização revelam que AGUIDAVS tem mais de três mil associados, mas os doadores regulares são 752. µ
Por: Djamila da Silva
Foto: D. S