
[SEMANA S26/2022] O escritor guineense Manuel da Costa lançou na semana passada, no Centro Cultural Português em Bissau, o livro “Lembrança”- Estórias e Contos Tradicionais da Guiné-Bissau, uma obra literária verdadeiramente apaixonante.
Na obra, que contém 12 estórias e contos tradicionais, subjaz um cenário a perfilar vários domínios da vida e dos imaginário do povo guineense, razão da sua seleção criteriosa: dos Homens aos Animais, passando pelos Vegetais e Minerais, assiste-se a fenómenos naturais e sociais perturbantes, que parecem retirar a fixidez da estabilidade ao mundo e lhe propõem um estatuto miscelâneo com entidade verdadeiramente mutante.
O autor da obra tenta desenhar meninos ao redor da fogueira em noites de luar, contando, um a um, os contos aprendidos com a mamã, o papá, o titio ou a vovó. Não é a única razão que conduz o seu interesse pelos contos do país. Há razões mais fortes: os contos, a par dos provérbios e das adivinhas, são o residuário da identidade cultural do povo, naquilo que ela tem de concreto, de moral.
O ator assume sem consistentes referências anteriores que equivaleriam, de resto, a uma experiência, na medida em que ilustrariam um amadurecimento dinâmico na arte de contar, traduzindo, e na arte de buscar na língua flexibilidades, incorporando a crioulidade e a diferença.
Biografia
Nasceu em Santa-Clara, sul da Guiné-Bissau, no dia 6 de maio de 1965. Manuel da Costa é engenheiro agrônomo, formado pelo Instituto Superior de Agronomia, em Portugal. É eletromecânico de instrumentos de aviões. É militar, escritor e poeta.
Aluno do “Quadro de Honra”, Manuel da Costa recebeu a medalha de mérito da escola Militar de Eletromecânica. Em 2011 fundou a ONG NÔ TCHON. Atualmente é Secretário Executivo Adjunto do Observatório Guineense da Droga e Toxicodependências.
Costa é membro fundador, tanto da Associação de Escritores da Guiné-Bissau (AEGUI) como do Centro PEN Guiné-Bissau. É presidente da Assembleia Geral da AEGUI e tesoureiro do Centro PEN Guiné-Bissau.
Em 1992, durante o curso de formação de Sargentos em Portugal, publicou contos e poemas nas revistas das Forças Armadas Portuguesas “O Voador e Jornal do Exército”.
A partir de 1993, publicou artigos de opinião de natureza política nos jornais Nô Pintcha e Correio da Guiné-Bissau. No mesmo ano publicou em Bissau dois livros: Um de poesias, “A Nossa Mudança”, e outro de Contos ” A Força de Vontade “.
Seguiu em Portugal, com a publicação de livro de poesia, Olho de Mulher (2001) em co-autoria com o poeta angolano Mário António Ernesto, e em 2013, Maré Branca em Bulínia (Romance e Rosas da Liberdade (Poesia).
Em 20210 venceu concurso de letras e foi autor do Hino da Conferência Nacional: ”Caminhos para a Consolidação da Paz e Desenvolvimento na Guiné-Bissau”. No mesmo ano, arrebatou o terceiro lugar na categoria de contos do prémio literário José Carlos Schwarz. O prémio que viria a ganhar no ano seguinte.
Por: Alison Cabral