O Presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou ao seu homólogo, Umaro Sissoco Embaló, e ao governo da Guiné-Bissau apoio na luta contra “todo o tipo de tráfico” que possa desestabilizar o país.
O anúncio foi feito no Palácio da República, em Bissau, durante uma conferência de imprensa conjunta, realizada esta quinta-feira, 28 de julho de 2022.
Macron assegurou que a França vai prosseguir com o seu apoio à economia da Guiné-Bissau que “foi muito afetada com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e agravada com o conflito na Ucrânia”.
O chefe de Estado francês anunciou igualmente que, depois da ajuda orçamental global de 1,5 milhões de euros concedida em 2021, a França acordará outra no valor de três milhões de euros para contribuir na estabilidade do país.
Para além do apoio orçamental, Macron afirmou que o seu país vai financiar um projeto no domínio da agricultura, estimado em 1,5 milhões de Euros para a formação de 15 agricultores, entre os quais 10 mulheres para a escola de agronomia de Yamoussoukro, na Costa de Marfim.
“Espero que possamos prosseguir com a promoção de uma cooperação reforçada nos domínios agrícola e alimentar, com o vosso país para apoiar a produção, através da formação em várias áreas, em particular na produção do arroz”, precisou.
Emmanuel Macron saudou o lugar importante reservado à língua francesa na Guiné-Bissau, que “testemunha o crescimento da francofonia”.
“Vamos acompanhar essa dinâmica com a abertura, nos próximos tempos, de uma escola francesa. Graças ao engajamento de um investidor privado da sub-região, a nossa intenção é abrir uma escola de língua francesa no início do ano de 2023”, contou.
No âmbito da cooperação entre Paris e Bissau, Macron frisou que França vai reforçar a cooperação bilateral a nível da defesa, no domínio de equipamentos e na formação de quadros militares, na luta contra o narcotráfico, pirataria marítima e ajudar na estabilização do país.
O presidente francês disse ter se sentido “extremamente honrado” por ser o primeiro presidente da República francesa recebido em Bissau.
“Isso constituiu um orgulho para mim e para a minha delegação. Quero agradecer e muito pelo acolhimento de ontem à noite e esta manhã. Quero felicitar o Presidente pela sua eleição à presidência da conferência dos chefes de Estado e do Governo da CEDEAO, bem como render uma homenagem ao presidente Nana Akufo Addo, que defendeu os princípios e os valores da organização”, salientou.
Emmanuel Macron reconheceu que que Umaro Sissoco Embaló assumiu a presidência desta organização sub-regional num “contexto inédito”, sobretudo tendo em conta o desafio da segurança para toda a África Ocidental que é “confrontada com o avanço do terrorismo, a instabilidade política e a multiplicação de golpes de estado em vários países”.
“A agenda é muito vasta. Por exemplo, esta manhã falámos da relação bilateral, da situação no Mali, do Burkina Faso e da Guiné-Conacri”, avançou.
Macron disse ter se debruçado também com Sissoco Embaló o risco da desestabilização que a situação do Sahel representa para os países da região da África Ocidental.
“Eu reitero ao presidente a determinação da França em continuar a engajar-se na questão do Sahel e de toda a região, mas também mudar a sua doutrina e a modalidade de funcionamento, que doravante vai prestar o apoio ao exército local com a formação, equipamentos e acompanhamento”, assegurou.
O chefe de Estado francês aconselhou que é preciso ter também uma agenda do desenvolvimento de projetos e da criação das oportunidades educativas e económicas para as populações, criação de sinergias entre “as nossas estratégias políticas, segurança e do desenvolvimento que podem ser eficazes face ao flagelo do terrorismo”.
“Portanto, é a mesma coisa que abordei ontem com o presidente Talon do Benin. Portanto, manifestei a minha disponibilidade e vontade em cooperar sobre o assunto”, afirmou.
“Nós partilhamos também as nossas inquietações sobre o aumento da violência contra as populações civis no Sahel e que agora se estende à toda sub-região, particularmente as execuções cometidas pelos elementos dos mercenários que operam no Mali, com evidências documentadas pelos relatórios das Nações Unidas, refiro-me ao grupo Wagner”, lamentou.
No plano de cooperação bilateral entre os dois países, Macron condenou a tentativa de golpe de Estado que ocorreu no mês de fevereiro último na Guiné-Bissau e saudou os esforços das autoridades nacionais na estabilização do país.
Por: Filomeno Sambú
Foto: Marcelo Na Ritche