TAMILTON TEIXEIRA DEFENDE DEBATE SOBRE A GUINÉ-BISSAU NO ESPAÇO ACADÉMICO

O sociólogo guineense, Tamilton Teixeira, defendeu a introdução do debate sobre a situação que afeta a Guiné-Bissau dentro dos espaços académicos, com vista a encontrar soluções plausíveis para o país, porque “as universidades são espaços de excelência democrática”.

“Não podemos ser uma sociedade onde os problemas que nos afetam sejam discutidos fora de locais de encontrar soluções. Se chegar a Dakar, os problemas sobre a transformação social, cultural, agricultura, género, família e economia são debatidos nas universidades Cheikh Anta Diop, Gaston Berger e outras. A mesma coisa acontece em Angola e Moçambique”, disse.

“Os principais assuntos sobre a Guiné-Bissau devem voltar para as universidades, académicos e não só. Todos aqueles que têm interesses em debater a Guiné-Bissau estão convidados, porque a universidade é um espaço de excelência democrática”, explicou.

Tamilton Teixeira falava à imprensa esta segunda-feira, 22 de agosto de 2022, após o encerramento do Curso de Introdução ao Pensamento de Carlos Lopes, nas instalações da Universidade Amílcar Cabral (UAC), no qual lembrou que na primeira sociedade não eram permitidos debates de “ideias”, o que motivou perda de vidas de primeiros pensadores como Aristóteles e Sócrates.

 “Queremos ter uma sociedade como as de outros países e estamos a ser encaminhados na escuridão e na ignorância. Tudo isso cria pobreza, portanto devemos gerir um pensamento a partir da academia com intelectuais reconhecidos a nível interno e internacional, no sentido de encontrar respostas para os nossos diferentes setores como agricultura, pesca, desenvolvimento da sustentabilidade, reconciliação e conflitos na produção de conhecimento”, sublinhou.

Em relação à ação de formação, Teixeira considera-a positiva, uma vez que a experiência foi louvável devido ao engajamento dos jovens. O jovem quadro guineense formado no Brasil revelou que a próxima etapa desta iniciativa será um encontro de leitura do livro de Carlos Lopes África em Transformação.

A iniciativa, que juntou mais de 100 jovens guineenses das diferentes universidades e institutos do país, teve a duração de uma semana visou proporcionar aos estudantes universitários, pesquisadores e demais interessados, um espaço de discussões sobre as linhas que orientam e norteiam as principais ideias de um dos expoentes máximos da intelectualidade africana.

O seminário de capacitação é uma iniciativa de dois docentes universitários guineenses, Magno da Costa e Tamilton Teixeira. Além do livro que foi oferecido por Carlos Lopes, os participantes receberam, individualmente, um certificado de participação.

Lopes nasceu em Canchungo, norte da Guiné-Bissau, em 1960. Estudou no Instituto de Estudos do Desenvolvimento (IUED), em Genebra. Foi um dos fundadores do INEP, uma das instituições de pesquisa mais conceituadas da África Ocidental, tornando-se especialista em Desenvolvimento e Planificação Estratégia e Reforma do Programa de Avaliação das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PUND).

Recentemente, Lopes foi designado como membro do Comité para as Políticas de Desenvolvimento (CPD) da ONU, por um mandato de quatro anos.

Por: Alison Cabral

Foto: AC        

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