As autoridades senegalesas mantêm detidos, há mais de um mês, dois adolescentes guineenses em Ziguinchor, por supostamente andarem a roubar gado naquela zona, informou o comité de setor de São Domingos, Agostinho Braima Jaura.
Os adolescentes com as idades compreendidas entre 16 e 17 anos de idade foram presos pelas autoridades em Brigadji, nos arredores de Mpack, no dia 08 de agosto, quando estes seguiam os seus bovinos roubados em São Domingos, por um grupo de gatunos que supostamente atravessou a fronteira entre a Guiné-Bissau e o Senegal.
Populares das aldeias arredores do Ziguinchor, que faz fronteira com a Guiné-Bissau, têm denunciado o roubo de gado por parte de um bando armado. Há mais de um mês (5 de agosto), um ladrão foi morto pelas autoridades senegalesas na zona fronteiriça, entre o setor de Bigene (Guiné-Bissau) e o Senegal.
Em entrevista ao nosso jornal, à margem do atelier de Validação do Plano Local de Segurança, uma estrutura que junta as forças de defesa e segurança, a sociedade civil, autoridades tradicionais e religiosas, o comité de setor de São Domingos, Agostinho Braima Jaura, disse que o maior problema, naquela zona (de Bigene a São Domingos) de momento, é o roubo de gado, de motorizadas, carneiros e cabras, desafiando a comunidade a ter o hábito de fazer a denúncias, com vista a diminuir o roubo.
“Quecuto Jaura”, como também é chamado, espera que doravante, a população e as autoridades do país consigam fortalecer o relacionamento de vizinhança com o Senegal. Por isso, pediu ao governo que crie as condições para que haja meios de transportes para as forças de defesa e segurança para combater o roubo na zona fronteiriça.
Segundo os dados da Rede Oeste Africana para a Edificação da Paz (WANEP – GB), de 2018 a 2019, pelo menos, 1667 cabeças de gado foram roubadas por um grupo de bando armado nas zonas fronteiriças entre os dois países.
Para a Coordenadora da WANEP, Denise dos Santos Indeque, o roubo de gado transformou-se num cancro na sociedade guineense e está a pôr em causa o relacionamento e sã convivência entre as populações que vivem na zona de fronteira.
Para além de os roubos de gado estarem a empobrecer os criadores, diz Denise dos Santos, a prática está a ceifar vidas e constitui uma ameaça à paz social nas fronteiras, sublinhando a necessidade de criação da lei de proteção de testemunha como um dos mecanismos de combate ao roubo de gado.
Refira-se que a WANEP Guiné-Bissau e a WANEP Senegal estão a implementar um projeto intitulado Luta Contra roubo de gado entre o Senegal [Sédhiou, Kolda e Ziguinchor] e a Guiné-Bissau [Cacheu, Bafata e Oio].
Por: Tiago Seide
Foto: TS