O secretário-geral da Federação Nacional das Associações dos Motoristas e Transportadores da Guiné-Bissau, Caram Samba Lamine Cassamá, criticou duramente o estado de deterioração das infraestruturas rodoviárias nacionais um pouco por todo o país, denunciando também aquilo que considera de invasão de estrangeiros ao setor dos transportes, que diz que “estão a desorganizá-lo a cada dia”.
“Estamos há meio século independentes, o país não conseguiu implementar nenhuma modernização no setor. As estradas que herdamos a data da independênciatinham até melhores condições que as que temos hoje. Portanto, não temos infraestruturas rodoviárias em condições para a circulação. A única coisa visível é a construção de duas pontes: Amílcar Cabral, em João Landim, e a Euro Africana de São Vicente. Todas as estradas financiadas pela União Europeia estão praticamente num estado avançado de degradação”, disse o sindicalista na entrevista ao Jornal O Democrata para falar dos avanços e recuos registados nesse setor, 49 anos da independência nacional.
A Guiné-Bissau proclamou unilateralmente a independência a 24 de setembro de 1973, pela voz do lendário comandante, João Bernardo Vieira, depois de 11 anos de luta sangrenta contra as forças portuguesas.
Sobre a deterioração das infraestruturas rodoviárias do país, assegurou que deve-se à ausência de uma política de manutenção das estradas e à falta de capacidade de resposta das pessoas que já dirigiram o setor, apelando ao executivo a redobrar esforços e procurar mecanismos para desenvolver os transportes.
“Não é justo, em quase meio século de independência, que o país não tenha infraestruturas capazes de alavancar o setor, nomeadamente caminhos de ferro para comboios, barcos para fazer ligações para as ilhas. No setor dos transportes aéreo, o país não dispõe de nenhum meio. O governo não tem transportes públicos para os cidadãos, é absurdo”, lamentou.
Relativamente à circulação de motorizadas (táxis motos) na Guiné-Bissau, afirmou que a circulação de motorizadas ou “Táxis Motos” como meios de transporte está a constituir um grande perigo à segurança rodoviária, porque as autoridades do setor admitiram-nos.
“Hoje é oficial. Motorizadas circulam por todos os cantos de Bissau e do interior sem nenhuma legislação que definia as rotas para circulação.
O país corre risco de perder o controle da situação e está na iminência de arcar com as consequências dessa medida, como acontece neste momento no Mali, na Costa de Marfim e no Burkina Faso. Estes países perderam o controlo da situação e não estão a conseguir encontrar alternativas. São milhares de motas que circulam nesses países e cada dia acontecem acidentes mortais”, criticou.
“Se quisermos seguir os passos desses países vizinhos em termos de ocidentes, podemos avançar. Mas seria bom que a ocidentalização fosse implementada, respeitando as realidades internas, caso contrário será um falhanço enorme”, disse, sublinhando que existe cumplicidade dos governantes guineenses que assinam documentos sem cumprir acordos.
Caram Samba Lamine Cassamá disse que o setor dos transportes não registou nenhuma evolução e cada vez mais tende a deteriorar-se.
Perante estes fatos, a federação propõe para o futuro que haja harmonia, paz social no setor dos transportes terrestres, cumprimento de obrigações por todos, melhorias de alguns troços, nomeadamente: Safim/Impak, Safim/Sul e Safim/Leste, porque “se forem alcatroados, haverá uma circulação saudável das pessoas e bens, bem como permitirá escoar produtos agrícolas das zonas de difícil acesso para os principais centros comerciais”.
Outra recomendação deixada pelos motoristas é a definição de um plano nacional de segurança rodoviária que permitirá capacitar os motoristas nacionais e aaplicação da carteira de aptidão profissional (CAP), porque é de conhecimento público que a emissão de cartas de condução é feita de forma descontrolada.
“Com aplicação da CAP, os motoristas podem ser reavaliados para descobrir se passaram pela escola de condução ou não”, salientou.
Por: Filomeno Sambú