O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), Augusto Mário da Silva, criticou esta quarta-feira, 30 de novembro de 2022, o ambiente de violência e de insegurança que se regista no país, acrescentando que “agora a violência tornou-se institucional”.
“Não podemos continuar neste ambiente de violência e de insegurança, não! Já são vários os episódios de violência e parece-nos que a violência é institucional. Essa é a impressão que a atuação das autoridades deixa aos cidadãos, porque são vários os episódios de violência sem qualquer tipo de conclusão de investigação ou de apuramento de responsabilidade”, disse aos jornalistas, à margem de um encontro de reflexão promovida pela Liga Guineense, sobre o radicalismo e extremismo violento.
O advogado Marcelino Ntupé, que representa alguns dos militares detidos no caso da tentativa de golpe de Estado de 01 de fevereiro, foi espancado esta terça-feira, 29 de novembro, por um grupo de homens armados e encapuzados e desconhecidos que invadiram a sua casa, em Bissalanca, arredores de Bissau, denunciam fontes familiares, citados pela imprensa nacional.
O jovem advogado é igualmente analista num programa de análise à atualidade política e social do país na Rádio Bombolom FM.
Augusto Mário da Silva disse que os crimes de violência ficam tudo no “mar da impunidade” e que ninguém foi responsabilizado, tendo criticado as autoridades que “ficaram indiferentes a tudo o que se passa e ao todo o sofrimento do povo e a toda insegurança deste povo”.
“Não há autoridade que assuma sua responsabilidade, portanto isso é inaceitável. Não podemos institucionalizar a violência como o instrumento ou meio de resolver as nossas diferenças, é inaceitável” , assegurou, para de seguida, apelar às autoridades políticas a acionarem todos os meios necessários para identificar os autores deste ato e serem responsabilizados como forma de prevenir futuros casos de violências e devolver segurança aos cidadãos, caso contrário “a violência vai gerar violência”.
“Não podemos continuar a resolver os nossos problemas com poder de força, porque a força não leva a lado nenhum. Temos mecanismos institucionais de resolução de conflitos e podemos utilizar esses mecanismos, se não funcionarem, é possível recorrermos a mecanismos tradicionais que também são muito eficazes”, aconselhou, alertando que a sua organização não aceita nem tolera a violência institucional ou física, como meio de resolução de qualquer tipo de diferendo.
“O Marcelino Ntupe identificou com precisão as pessoas que foram à sua casa”, revelou, acrescentando ainda que não lhe cabe revelar os nomes dessas pessoas e que o advogado vítima de agressão terá a oportunidade de revelar os nomes das pessoas que o espancaram.
Advertiu as autoridades policiais que se abstenham de investigações de fachada e façam uma investigação séria para traduzir os responsáveis à justiça, de forma a acalmar a sociedade.
O chefe de Estado Umaro Sissoco Embaló condenou o “ato bárbaro de violência” contra o advogado Marcelino Ntupé, através da sua página facebook.
“Os sucessivos casos de violência que têm ocorrido constituem uma ameaça à paz social no nosso país, razão pela qual o Presidente da República exorta a Polícia Judiciária e o Ministério Público a investigar, com a maior brevidade possível, o ocorrido”, lê-se no comunicado.
Por: Assana Sambú