
O Capitão dos portos, Aliu Cassamá, assegurou que há a possibilidade de 80% de eventuais naufrágios não registarem mortes na Guiné-Bissau. Aliu Cassamá justificou que o Instituto Marítimo e Portuário (IMP) tem a responsabilidade de garantir a segurança marítima, através de medidas estabelecidas de controlo de embarcações.
Afirmou que o IMP está em condições de responder às situações de emergência no mar e de outros fenómenos, porque tem botes rápidos e possui um canal de comunicação para dar apoio à navegação.
Em entrevista ao jornal O Democrata para falar das medidas que devem ser adotadas para se prevenir de eventuais naufrágios neste período, devido à agitação do mar, o capitão dos portos assegurou que se as embarcações seguirem todas as orientações “existe 80% de probabilidade de não se registarem óbitos por naufrágio”.
Questionado sobre que medidas foram tomadas para fazer face ao fenómeno do mau tempo, Aliu Cassamá respondeu que a sua instituição instruiu as embarcações que transportam passageiros para as ilhas do Arquipélago dos bijagós para reduzirem a lotação para metade, incluindo passageiros e de cargas, tendo em conta o período de risco à navegação causado pelos ventos fortes.
“Estamos preocupados com a navegação neste período, por isso estamos a trabalhar para que haja uma navegação segura. As embarcações têm que ter coletes e boias salva-vidas, como também remos para permitir a estabilização das pirogas. Exigimos motores suplentes nas canoas para casos de avarias”, disse.
Aconselhou os tripulantes a usarem os coletes salva-vidas desde a partida até à atracagem, porque “muitos usam coletes apenas quando estão no porto e depois queixam-se de desconforto”, lembrando que esses coletes são salva vidas.
“Aconselhamos os viajantes, particularmente os mais jovens, sobre a utilização de coletes durante toda a viagem e a seguirem as instruções dos capitães, porque fora do cais a responsabilidade é do capitão”, indicou.
Aliu Cassamá afirmou que o governo não está em condições de ter delegacias marítimas em todas as ilhas, razão pela qual nos principais portos administrativos, foram montadas delegacias ou colaboradores dos delegados.
Segundo o capitão dos portos, de agosto a dezembro de 2022, a capitania registou apenas três naufrágios e três óbitos, todos pescadores, bem como um número considerável de pedidos de resgate devido ao mau tempo, sobretudo entre novembro e dezembro do ano passado.
“Estamos no início de um ano novo e não registamos ainda nenhum incidente marítimo”, assegurou e exortou os proprietários das embarcações a atualizarem as suas licenças de navegação, destacando a pertinência das previsões partilhadas pelo Instituto Nacional da Meteorologia.
Os dados estatísticos do IMP indicam que existem 14 delegacias marítimas e dois botes, um com capacidade para 25 pessoas e outro para 15. Esses botes, de acordo com o capitão, servem para fiscalizar e prestar socorros.
METEOROLOGIA ALERTA SOBRE PRÁTICAS QUE PODEM CONTRIBUIR PARA ALTERAÇÃO DO CLIMA
O ponto focal da previsão climática sazonal do Instituto Nacional de Meteorologia da Guiné-Bissau (INMET), Cherno Luís Mendes, alertou sobre práticas que podem contribuir para as alterações do clima no país, defendendo que é fundamental um acompanhamento do boletim informativo meteorológico partilhado pelo Instituto da meteorologia como forma de se prevenir dos riscos causados pelo mau tempo.
Em entrevista ao nosso semanário, disse que os boletins diários são partilhados com as autoridades portuárias, aéreas, a proteção civil, as rádios e outras instituições, permitindo assim a sua divulgação para possíveis tomadas de precauções. Pediu às autoridades parceiras a seguirem as informações disponibilizadas pela meteorologia.
Relativamente aos ventos, Cherno disse que de janeiro a março é o período do ano em que se verificam ventos fortes e como fenómeno natural, apenas devem-se observar as precauções, tendo em consideração os boletins informativos diários sobre o estado do tempo.
“Sempre e quando os dados apontam para agitação no mar emitimos um alerta no boletim”, precisou.
Para os camponeses, avisou que o período é de alerta máximo, principalmente na utilização do fogo, tendo em conta os ventos fortes que podem facilitar a propagação do fogo, podendo causar grandes queimadas.
“Têm que escolher o período do dia em que vão fazer limpezas das matas, também devem ter o controlo do fogo através da prevenção com o párafogos”, disse. De acordo com Cherno, o INMET não faz projeção sobre o comportamento do vento porque é difícil e porque também não é recomendável, tendo em conta que o vento pode apresentar mudanças de direção de forma rápida.
“O vento verificado nos últimos tempos tem vindo do Nordeste e sendo uma zona deserta, o vento Aramatan traz consigo poeiras”, esclareceu e explicou que o fenómeno de aguaceiros verificado no mês de dezembro não significou que estivesse a chover fora do tempo, apesar de ser um fenómeno excecional para o país, mas é normal porque é causado pela corrente JET- correntes de jato, ou simplesmente jatos (em inglês: Jet Streams), que são correntes de ar que ocorrem na atmosfera de alguns planetas, incluindo a Terra.
Cherno Luís Mendes informou que o país está a enfrentar as alterações climáticas, de acordo com os dados meteorológicos dos anos anteriores comparados com os dados dos anos mais recentes.
O meteorologista descartou a possibilidade de ocorrerem no país fenómenos como ciclones , por termos uma situação geográfica vantajosa.
“O país pode enfrentar risco de tempestades, se a destruição da floresta continuar “, assinalou, revelando que a meteorologia registou elevadas temperaturas nas últimas décadas em comparação com as décadas passadas, mas o país deve adaptar-se e tomar algumas medidas que podem reduzir as consequências das alterações climáticas na Guiné-Bissau.
ESPECIALISTA EM MEDICINA FAMILIAR ADMITE PROBLEMAS PARA ALÉRGICOS
Interpelado pelo jornal O Democrata, Armando Sifna, especialista em medicina familiar admitiu que o mau tempo terá consequência na vida humana, essencialmente para os alérgicos, tendo recomendando a população a recorrer a uso das máscaras faciais e lenços de mão, evitar tossir ou espirrar no meio das pessoas e a lavar as mãos com frequência.
Alertou que se a pessoa estiver constipada, deverá evitar estar em aglomeração e abdicar de consumo dos alimentos frescos, bem como o uso de xarope expectorante.
“Em caso de febre, recorrer a paracetamol e usar descongestionantes nasais. Não é recomendável o uso de antibióticos em caso de uma invenção viral, neste caso, constipação”, aconselhou.
Segundo Armando Sifna, os sintomas mais frequentes na pessoa com congestão nasal são as secreções aquosas e tosse em ocasiões que pode acompanhar com febre, mas advertiu que o diagnóstico só pode ser feito clinicamente.
Por: Epifânia Mendonça