Editorial: FMI VENDE CALMANTES, NÃO SOLUÇÕES!

Tem sido um hábito, a celebração neste país dos anúncios de pacotinhos financeiros pelas instituições de Bretton Woods, nomeadamente o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). O atual regime na Guiné Bissau tem concentrado a sua propaganda em torno de narrativas de assistência do FMI. As infelizes e inglórias medidas de cortes e despedimentos de centenas de funcionários nos setores vitais de educação e saúde, foram “justificadas” no manto das exigências do FMI. Com o tempo, o FMI tornou-se uma omnipresente e omnipotente entidade que decide de tudo sobre o destino deste país.

A celebração do anúncio pelo FMI de verba  de 38 milhões de dólares para os 36 meses confirma a ausência de visão associada a pequenez ambição de se contentar com migalhas. Quem se contenta com migalhas não se incomoda com os calmantes vendidos pelo FMI. Um país com tantos recursos vai atrás de migalhas…!?

A ideia de como instituições de Bretton Woods têm soluções aos problemas de um país como a Guiné Bissau é uma ilusão. O FMI não tem soluções, vende apenas calmantes através da sua filosofia de endividamento que alimenta a mordomias dos sucessivos dirigentes. Há mais de três décadas que este país navega ao ritmo da canção do FMI e do BM ao ponto de se consolidar narrativas de bondade de quem empresta dinheiro com juros!!?

De empréstimos e empréstimos, este país acabou por se fechar no beco sem saída. Aliás a única saída é continuar a endividar-se, quer com instituições de Bretton Woods quer nos mercados financeiros regionais.

Com a dívida pública a vizinhar a fronteira de 80% do PIB, os anúncios de novos empréstimos só podem ser motivo de celebração que quem coloca agenda pessoal em detrimento do interesse nacional.

O financiamento da economia nacional só terá uma solução sustentável internamente, sem descartar as parcerias externas. O saneamento das Finanças Públicas (que não é um slogan) será uma realidade quando se cortar a hemorragia interna institucionalizada de desvio de procedimentos, anarquia orçamental e a corrupção endémica que assola o Estado na sua plenitude.

Nenhum financiamento externo terá êxitos se internamente se mantiver o culto de se deixar fazer em benefício dos que geram o Estado, dos que desgovernam! Nenhum programa com FMI será um sucesso enquanto o seu destino final será o sustento de mordomias da partidocracia dominante na Guiné Bissau e seus tentáculos.

O futuro da nossa economia reside na reforma em profundeza deste Estado através da substituição da anarquia pelo culto de disciplina em três níveis: na liderança do Estado, nos funcionários e na sociedade.

Por: Armando Lona/Editor Chefe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *