Um grupo de federações desportivas nacionais, agrupadas num fórum, anunciou que vai avançar com o boicote das atividades desportivas da presente época no país, devido à falta da disponibilização de meios financeiros pelo executivo, para a execução dos respetivos planos de atividades.
A informação foi avançada na terça-feira, 7 de fevereiro, à secção desportiva do Jornal O Democrata pelo secretário-geral do fórum, Quecuta Indjai, durante uma entrevista para abordar a falta do cumprimento pelo executivo do acordo assinado com quatro federações desportivas em 2021.
SECRETÁRIO DO FÓRUM: “SENTIMO-NOS ABANDONADOS A CEM POR CENTO PELO GOVERNO”
O Fórum que agrupa mais de 20 federações desportivas nacionais e funciona há mais de sete anos, é um espaço criado com o propósito de os organismos consertarem ideias relativamente à várias situações que não foram atendidas pelo executivo relativamente ao seu plano de atividades e orçamento.
O Democrata apurou que o fórum das federações desportivas dirigiu uma carta à Presidência da República solicitando uma audiência com o Chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló que servirá para as federações informarem ao Presidente da República sobre as dificuldades que o fórum atravessa devido à falta de apoio do executivo.
“Eu penso que o governo é uma figura de bem, quando assina um contrato programa com uma entidade deve cumprir a sua obrigação. O nosso plano de atividade foi aprovado na base do contrato programa, mas não foi executado e criou constrangimentos às federações em termos de funcionamento”, disse o dirigente do fórum, acrescentando que fizeram algumas concertações internas e decidiu-se pelo boicote de todas as atividades desportivas das diferentes federações até ao dia em que o governo decidir entregar os fundos às instituições federativas.
Indjai explicou que o fórum fez várias diligências junto do executivo, através do ministro dos Desportos, Augusto Gomes, no sentido de resolver o assunto, mas sem sucesso.
Além do problema do apoio financeiro, segundo a sua explicação, o fórum sugeriu ao executivo a disponibilização de passaportes de serviço aos presidentes das Federações Desportivas para permitir aos dirigentes deslocarem com facilidade para o estrangeiro.
Perante esta falta de engajamento para cumprir o acordo rubricado com as federações para captação de novos talentos nacionais para as diferentes modalidades, o secretário geral do fórum entende que as instituições desportivas estão abandonadas pelo executivo.
“Sentimo-nos abandonados a 100 por cento, embora existam apoios pontuais que entendemos não serem suficientes, porque há três anos o governo concedeu sedes a algumas federações, nomeadamente Andebol, Atletismo e Luta no Estádio Nacional 24 de Setembro, uma iniciativa que louvamos imenso e esperamos que seja estendido às restantes federações existentes na Guiné-Bissau”, notou.
Do mesmo modo reconheceu também que o executivo concedeu o estatuto de utilidade pública às federações, contudo insistiu que o governo tem a obrigação de subvencionar os organismos que tutelam as modalidades desportivas na Guiné-Bissau, à semelhança daquilo que se regista em vários países e incluindo na sub-região.
Quecuto Indjai, que também é o presidente da Federação de Andebol da Guiné-Bissau, disse que os membros do fórum estão a trabalhar afincadamente no sentido de transformar o espaço numa Confederação das Federações Desportivas Nacional. Sublinhou que o fórum está a instaurar esforços junto do Comité paralímpico de Portugal e a Confederação Africana para receber assistência para concretização do projeto.
Recorda-se que em dezembro de 2021, o executivo rubricou um contrato com quatro federações, nomeadamente de Luta, do Atletismo, Andebol e Voleibol, para captação de novos talentos nacionais para a época 2021-2022, no âmbito do plano estratégico para o desenvolvimento do desporto no país e já há mais de um ano o governo não concedeu nenhum apoio financeiro às federações.
O montante a disponibilizar pelo governo para cada federação para desenvolver este projeto não foi divulgado, mas O Democrata apurou que as federações do Atletismo, Voleibol e Andebol receberão cada 12 milhões de francos CFA e a de Luta livre vai receber 15 milhões.
Por: Alison Cabral
Foto: AC