A Associação Nacional de Proteção e Defesa dos Idosos da Guiné-Bissau exortou os partidos que concorrem às próximas eleições legislativas, a definirem, nos seus programas eleitorais, as políticas que favoreçam a essa camada da população.
A chamada de atenção foi tornada pública esta sexta-feira, 31 de março de 2023, em conferência de imprensa, em Bissau, pelo presidente da organização, Nelson Oliveira Intchama.
Nelson Oliveira Intchama criticou que, nas eleições anteriores, os programas eleitorais concebidos por diferentes formações partidárias não tiveram em consideração as necessidades dos idosos, facto que considerou “anormal”
De acordo com o líder associativo, uma das causas do envelhecimento acelerado no país deve-se à situação económica, num contexto em que os idosos são tidos como a classe mais vulnerável.
Intchama responsabilizou o governo pelo elevado número de idosos no país, que “ resulta da má governação, da injustiça e violência contra essas pessoas”.
“Os partidos políticos, que concorrem às eleições legislativas de 4 de junho, devem definir uma política pública clara e aceitável nos seus programas eleitorais. Neste momento, todos os partidos querem eleger deputados, por isso achamos que essa seria uma grande oportunidade para alertá-los, uma vez que não aceitam as nossas solicitações de audiência”, frisou.
O ativista acusou os partidos políticos de pouco ou nada terem feito a favor dos idosos e pelos direitos humanos na Guiné-Bissau.
“Os partidos políticos falam dos direitos humanos, mas na verdade não elegem os direitos humanos como uma prioridade. Desde setembro de 2020 que estamos a solicitar encontros, mas até ao momento não recebemos nenhuma resposta e nenhum sinal de que estão interessados em receber-nos”, criticou.
Segundo a sua explicação, os últimos dados indicam que os idosos representam 4,7% da população guineense e os jovens estão a mais de 60%, mas “não se ouve falar dos idosos, nem dos jovens”.
Afirmou que não existe uma lei que determina a idade certa para uma pessoa ser considerada idosa, contudo lamentou a situação de saúde, alfabetização e habitação desta camada.
“Nas condições em que vivem os idosos é anormal, pois já acompanhamos muitos casos em que sofrem abandono social, violência física e moral só por causa da velhice ou de saúde. Muitos foram acusados de feitiçaria e maltratados, alguns mortos em condições desumanas”, criticou.
Por: Simaira de Carvalho