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O vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), Bubacar Turé, condenou aquilo que considera “ato bárbaro, criminoso e cruel” contra o comentador político e membro do Conselho de Estado, Fransual Dias, sublinhando que o ato visa “intimidar e chantagear” o também dirigente do Partido da Renovação Social (PRS) para se renunciar de defender os valores sobre Direitos Humanos no país.
Em conferência de imprensa dos membros do Espaço de Concertação das Organizações da Sociedade Civil da Guiné-Bissau, realizada na casa de Direitos, Bubacar Ture afirmou que a Guiné- Bissau está a transformar-se numa “República de milícias”, argumentando que os sucessivos ataques, raptos e espancamento de cidadãos perpetrados pelos homens armados ficaram impunes, ou seja, não há responsabilização de autores morais e materiais dos atos de violação dos Direitos Humanos no país.
Para além de acusar as instituições responsáveis pela segurança dos cidadãos no país de terem renunciado do seu papel, Ture afirmou que o Estado guineense é “cúmplice de atos terroristas” que têm acontecido no país nos últimos anos.
O ativista chama a atenção ao Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, que o país encaminha para o processo eleitoral e que as eleições só podem ser livres, justas e transparentes, quando as pessoas possam exercer livremente os seus direitos fundamentais consagrados na Constituição da República.
“Sem as liberdades de imprensa e de expressão não podemos falar nas eleições livres, justas e transparentes. Se, na verdade, estão comprometidos com a realização das eleições transparentes que parem imediatamente com estes atos bárbaros contra cidadãos. Caso contrário, seremos obrigados a pensar que querem organizar o pleito que já tem resultados condicionados, onde as pessoas não vão ter condições de participar nos debates de ideias, campanhas eleitorais em pé de igualdade para que possamos realmente ter eleições que correspondam à vontade expressa pelo povo nas urnas” insistiu.
Ture alertou à população que o país está nos seus “piores momentos” e que, por isso, é preciso pôr fim aos ataques contra os cidadãos, mesmo que custe um preço, fazendo o uso de meios legais para desafiar o ambiente de arbitrariedade no país.
Por fim, o ativista dos Direitos Humanos denunciou a vandalização da sede da UNTG por homens armados esta sexta-feira, tendo insistido em pôr fim aos atos de barbaridade na Guiné-Bissau.
O jurista Fode Mané, membro do Espaço de Concertação das Organizações da Sociedade Civil da Guiné-Bissau, afirmou que se regista um retrocesso sobre direitos humanos no país, lembrando que muitos cidadãos exilaram por falta de segurança outros remeteram-se ao silêncio por terem sido intimidados e ameaçados.
“Isso não é desejável. Queremos que o país seja diversificado, onde cada um possa emitir livremente a sua opinião e, caso exceda os limites, que seja responsabilizado judicialmente. Mas também a situação dos órgãos judiciais não é das melhores. Temos notícias confirmadas de que os juízes estão a fugir para o exterior porque a instituição na qual devemos confiar não confia na sua cabeça, para além de casos de magistrados”, denunciou.
Por: Tiago Seide
Foto: TS