A presidente do Movimento Social Democrático (MSD), Joana Cobde Nhanca, disse ter concorrido às eleições legislativas de 4 de junho do ano em curso, para desvendar e colocar na praça pública os “corruptos, traficantes de droga e mentirosos que enganaram e dilapidaram, por vários anos, os bens do povo e destruíram o país”.
Em entrevista telefónica a partir do setor de Nhacra, região de Oio, no norte da Guiné-Bissau, Joana Cobde Nhancadisse que, por ser uma formação política muito nova, de apenas sete meses, vai concorrer em quatro círculos eleitorais, designadamente: 5 (Bissorã), 8 (Mansoa/Nhacra), 13 (Bambadinca/Xitole) e 19 (Bigene/Bula).
“Quando disse corruptos e traficantes de droga, refiro-me aos políticos guineenses que não reúnem condições para assumir as rédeas de governação. Os meios materiais e financeiros que estão a ser utilizados nesta campanha eleitoral são exorbitantes e é greve. A população está a morrer de fome nas tabancas”, esclareceu.
A presidente do MSD considerou a situação dos direitos humanos, a liberdade de expressão e de imprensa “grave”, tendo defendido que cada caso é um caso e que não há um único caso específico que seja especial, que requeresse intervenção especial.
Disse que se for eleita deputada da nação vai defender “forte e feito” a causa da população, razão pela qual formou o seu partido, por ter estado revoltada contra a situação de tristeza e de angústia que o povo vive.
Questionada sobre que tipo de mensagens os candidatos deveriam ter estado a transmitir aos eleitores, respondeu que os “corruptos não têm nada a dar a esse povo”, assinalando que os eleitores estão preparados à espera de ouvir mais uma vez “cinquenta mil mentiradas desses corruptos”, sublinhando que MSD está a informar aos seus eleitores de que não podem continuar a ser enganados e relegados ao subdesenvolvimento.
“Os políticos têm que inverter a pirâmide. Levar o desenvolvimento para as tabancas, construir apenas uma região não é desenvolvimento. O Estado sente-se em toda parte e consolida-se em tudo, não apenas numa região. É obrigação de um deputado tranquilizar, defender a população nas tabancas e nas zonas de difícil acesso. O desenvolvimento deve ser sentido em todas as regiões, setores, tabancas e nas comunidades”, defendeu, para de seguida frisar que se for eleita deputada vai defender para que o parlamento não seja dissolvido, por causa de pequenas divergências pessoais ou institucionais.
“O parlamento tem sido dissolvido recorrentemente, porque os deputados que são eleitos não entendem nada. Porque se soubessem que estar lá era defender o interesse do povo, não dos partidos ou interesses pessoais, nunca permitiriam que fosse dissolvido. A consciência dos deputados é comprada para satisfazer os interesses de um grupo de pessoas, isso é grave!”, lamentou.
Joana Cobde Nhanca teceu várias críticas à governação de sucessivos governos, defendendo que vai lutar para resgatar a Guiné-Bissau e para que, de agora em diante, não tenhamos a presença de tropas estrangeiras. Acrescentou, neste particular, que uma das missões do seu partido é lutar para tirar o país da situação em que se encontra, encurralado de todo tipo de gente.
“Apelo à união. Todos aqueles que estão a ostentar bens hoje não serão felizes amanhã. Temos que apostar numa política de desenvolvimento séria”, disse, alertando que o ministro das Finanças a tomar diligências em relação aos carros de luxo que nos últimos dias estão a circular na Guiné-Bissau. Porque “são mundo, não são carros de campanha. Não chegam nos algures, apenas circulam nos centros urbanos e depois da campanha serão vendidos para recuperar o dinheiro gasto”.
Joana Cobde Nhanca chamou atenção da população sobre “negociatas” que estão a ser feitas com o pescado guineense, lamentando que as águas territoriais do país tenham sido invadidas, por estrangeiros e organizações dos países europeus, com o apoio de políticos e dirigentes do país.
“As nossas ilhas são invadidas frequentemente e as pessoas que são nomeadas não representam o interesse de ninguém”, criticou, apelando aos candidatos a deputado da nação que transmitam mensagens de união e de aproximação dos guineenses.
Por: Filomeno Sambú