O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, exortou os guineenses a celebrarem o quinquagésimo aniversário da independência do país contemplando um momento a reflexão sobre o percurso da Guiné-Bissau, sobretudo “o que já fizemos, o futuro que queremos construir e o legado que queremos deixar às gerações vindouras”.
O chefe de Estado fez esta chamada de atenção na sua mensagem endereçada à nação no âmbito da comemoração dos 50 anos da independência, proclamada unilateralmente, a 24 de setembro de 1973, na aldeia de Lucadjol, setor de Madina de Boé, região de Gabu, leste da Guiné-Bissau.
Embaló lembrou aos guineenses que a Guiné-Bissau nasceu sob bandeira de “Unidade, Luta e Progresso”, afirmando que “é sob essa bandeira da unidade nacional que se vai construir o futuro que queremos”.
O Presidente da República garantiu aos guineenses que a comemoração dos 50 anos terá o seu ponto alto no mês de novembro.
“Hoje vou limitar-me à uma descrição da projeção externa que o nosso país atingiu, tratando-se de uma área estratégica na ação do Estado, mas que, infelizmente, foi a mais desvalorizada nas últimas décadas”, disse, acrescentando que ao longo de três anos “consolidamos relações diplomáticas antigas, alargamos o âmbito das nossas relações, fizemos novos amigos, promovemos novas e promissoras parcerias económicas e culturais, enfim, melhoramos consideravelmente a nossa dimensão externa, aliás, sempre muito importante para configurar o desenvolvimento económico que queremos ter”.
Eis na íntegra a mensagem dirigida à nação pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló…
Guineenses,
Ao celebrar, hoje, os 50 anos de existência da Guiné-Bissau como país Independente, endereço uma saudação calorosa a todos os guineenses, aos jovens e adultos, aos homens e às mulheres residentes no país e na diáspora.
Apesar da situação social e económica difícil que estamos a atravessar, um aniversário da nossa Independência é sempre um dia de alegria, de esperança. E é, mais ainda, um dia de celebração da nossa unidade nacional, a força que esteve sempre na base de todos os nossos sucessos.
A Guiné-Bissau nasceu sob a bandeira de “Unidade, Luta e Progresso”. E é, sob a bandeira da Unidade Nacional, que vamos ter de construir o futuro que queremos.
Guineenses, nha ermons
Há 50 anos, um comandante do Exército Popular de Libertação Nacional, João Bernardo Vieira, NINO, proferia, no alto da tribuna da Assembleia Nacional Popular, na Região Libertada de Boé, as palavras que ficaram gravadas, para sempre, na história do povo guineense.
Foi assim, com esta proclamação, que nasceu a Guiné-Bissau. Naquele dia 24 de Setembro do ano de 1973, cumpria-se uma agenda política e institucional exigente e muito ambiciosa.
Celebrarmos hoje as Cinco Décadas da Independência Nacional e estamos igualmente a assinalar:
• 50 anos da criação da Assembleia Nacional Popular;
• 50 anos da promulgação da primeira Constituição da República;
• e 50 ano da formação e entrada em funções do primeiro Governo do Estado guineense (O Conselho dos Comissários de Estado).
Hoje, que é um dia de grande significado histórico, quero dirigir uma palavra de apreço e de homenagem a todos aqueles que deram tudo: na resistência à opressão colonial, na luta clandestina anticolonial e na árdua luta armada de libertação nacional que durou mais de dez anos.
Sem a sua determinação, o seu espírito de sacrifício e a sua inteligência, o sonho de libertação nacional do povo guineense dificilmente se teria concretizado. O Combatente da Liberdade da Pátria merece o nosso respeito e a nossa gratidão. Aos que já não se encontram entre nós – honramos a sua memória.
Caros Compatriotas,
Celebrar os 50 anos da independência Nacional tem de contemplar também um momento de reflexão.
Impõe-se, na verdade, que façamos uma reflexão sobre o percurso que foi feito pala Guiné-Bissau: o que já fizemos, o futuro que queremos construir e, sobretudo o legado que queremos deixar às gerações vindouras.
Como se percebe, nesta minha Mensagem à Nação – que é apenas o primeiro ato das Comemorações que vão ter o seu ponto alto no próximo mês de novembro -, não vou fazer esse balanço político, económico e social das cinco décadas do Estado guineense.
Hoje vou limitar-me à uma descrição sucinta da projeção externa que o nosso país atingiu, tratando-se de uma área estratégica na ação do Estado, mas que, infelizmente, foi a mais desvalorizada nas últimas décadas.
Nos últimos pouco mais de três anos, a Guiné-Bissau realizou uma transformação profunda na sua política externa. E, em conformidade com essa nova linha de rumo, a diplomacia guineense alcançou sucessos notáveis, sucessos esses que foram amplamente reconhecidos no seio da comunidade internacional.
Junto dos nossos parceiros bilaterais e multilaterais, em África e no mundo, a Guiné-Bissau ganhou visibilidade positiva, alargou o âmbito das suas opções diplomáticas, foi capaz de mostrar utilidade nesse exercício de “dar e receber” que, como é sabido, é próprio de uma diplomacia lúcida e atenta aos interesses nacionais que representa.
Na verdade, consolidamos relações diplomáticas antigas, alargamos o âmbito das nossas relações, fizemos novos amigos, promovemos novas e promissoras parcerias económicas e culturais, enfim, melhoramos consideravelmente a nossa dimensão externa, aliás, sempre muito importante para configurar o desenvolvimento económico que queremos ter.
A Guiné-Bissau presidiu pela primeira vez a Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO, 2022-2023). Dentro de dois anos, vamos presidir a Conferência dos Chefes de Estado e de Governo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Presidimos a Aliança dos Líderes Africanos contra a Malária. Recebemos Chefes de Estado e de Governo de muitos países amigos. Fomos recebidos por nossos homólogos em diversos países com os quais reforçamos laços de amizade e cooperação.
Nos 50 anos da nossa independência, é difícil encontrar um paralelo comparável, um período que tivesse sido diplomaticamente mais fecundo do que este que estamos a considerar, compreendido entre 2020 e 2023.
Enquanto Presidente da República reitero, em nome do povo guineense, os nossos agradecimentos aos Representantes do Corpo Diplomático pela cooperação dos seus Governos com a Guiné-Bissau. Estendo os nossos agradecimentos ao conjunto das Organizações Internacionais, que têm sido parceiras incontornáveis no esforço que fazemos para desenvolver a Guiné-Bissau.
A todos os cidadãos estrangeiros que trabalham no nosso país ou que escolheram viver entre nós, endereço uma saudação especial neste dia em que celebramos 50 anos da nossa Independência.
Viva a Independência Nacional!
Viva a Guiné-Bissau!
Muito obrigado.