
O ministro da Energia e Indústria, Isuf Baldé, revelou que estão em curso as operações de transferência de dinheiro em dívida com a empresa fornecedora da energia à cidade de Bissau, que há dois dias vive um apagão devido ao corte de energia anunciado pela empresa, que reclama o pagamento de 15 milhões dólares dos atrasados.
O ministério da Energia disse que o governo já transferiu 6.6 milhões dos 10 milhões de dólares exigidos pela empresa turca Karpower e que neste momento aguarda a confirmação do banco que está a executar as operações, tendo assegurado que até ao final do dia é provável que a empresa restabeleça o fornecimento à cidade de Bissau.
“Num país pequeno e tão pobre como a Guiné-Bissau,efetuar uma operação de transferência deste nível, 10 milhões de dólares, leva o seu tempo. Estamos num bom caminho, a operação está a ser feita aos poucos e neste momento temos 6.6 milhões de dólares”, declarou e disse que a empresa já aceitou, apenas falta o governo fazer uma carta de engajamento de que liquidará a parte remanescente.
Isuf Baldé disse que em 2018 o governo pagava, por mês, à empresa, uma soma de pouco mais de 1.7 milhões de dólares, sendo que o consumo mensal é de 22 a 24 MW, mas nos últimos contratos assinados esse montante subiu para cerca de 3 milhões de dólares, um custo que o ministro da Energia e Indústria disse que o país não está em condições de assegurar, por não ser exequível.
“O governo, analisando o contrato de prestação de serviços da Karpower à EAGB, constatou que o contrato é extremamente nocivo ao Estado da Guiné-Bissau, uma vez que prevê a renovação dos termos por mais dez anos e aumento da potência da energia disponível até 70 MW, sabendo que Bissau consome, no máximo, 24 MW”, assinalou e afirmou que uma das soluções imediatas à crise energética no país é a construção da linha de interconexão de 219 quilómetros , no âmbito da OMVG, de BoKé até Bissau.
“O governo tem os seus planos de 4 anos. Existem alguns que o governo quer implementar nas regiões para solucionar o problema de falta da energia no interior do país, nomeadamente o projeto regional de acesso à eletricidade e o projeto de 14 localidades que começará a ser implementado em breve. Portanto temos vários projetos em carteira que serão executados aos poucos para acabar a com a crise energética no país. A nível de Bissau, temos um projeto de uma central elétrica de 15 MW, que está em construção”, assegurou.
O ministro da Energia e Indústria avançou que o país já assinou o contrato de fornecimento da energia elétrica no âmbito do projeto OMVG e que até ao início de 2024, a energia deste projeto poderá começar a ser consumida na Guiné-Bissau.
Lembrou que inicialmente, a empresa fornecia, no âmbito de um contrato, 17 MW que foi subindo gradualmente até aos 25, mas “antes do fim do contrato que era exequível foram assinadas adendas com a Karpower, que são insuportáveis para a EAGB,”.
“Neste momento temos no contrato 30 MW, em dezembro passa para 40 MW e até 2032 chegaremos a 70 MW. O país não precisa desse valor, é muita coisa e não temos dinheiro para comprá-lo. Repara quando o país não tem infraestruturas para receber esse valor e a própria empresa não tem essa capacidade instalada no seu barco para fornecer à Guiné-Bissau. Temos que renegociar os acordose o que está assinado no contrato,” assinalou, frisando que a Karpower foi contratada como fornecedora porque o país não tinha a capacidade de produção da energia elétrica e “fez e o seu trabalho julgo chegou quando todo o mundo precisava de energia estável e fê-lo bem”.
Por: Filomeno Sambú