O Embaixador da República Popular da China na Guiné-Bissau, Guo Ce, anunciou que o seu país está disposto a envidar esforços com o governo guineense, criar sinergias entre a Iniciativa Cinturão e Rota e o Programa Terra Ranka da Guiné-Bissau, como forma de ampliar áreas de cooperação e promover a cooperação Cinturão e Rota de alta qualidade constantemente.
O diplomata chinês fez esse anúncio num encontro com a imprensa, na segunda-feira, 06 de novembro, na embaixada da China em Bissau, no âmbito da sexta edição da Expo Shanghai, que decorre de 05 a 09 de novembro na capital económica da China Popular.
O encontro com a mídia guineense realizado na embaixada para anunciar o início dos trabalhos da Exposição de Shanghai contou com a participação dos ministros do Comércio, Jamel João Handem, da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Mamadu Saliu Lamba, e do secretário de Estado da Comunicação Social e Porta-voz do Governo, Francisco Muniro Conté.
A Expo Shanghai deste ano reúne um total de 154 países, regiões e organizações internacionais, com a participação de 3.400 empresas e cerca de 410 mil visitantes registados, cobrindo uma área de exposição de 367 mil metros quadrados, o que equivale ao tamanho de 52 campos de futebol. O número de empresas da fortune 500, as empresas líderes no setor atingiram 289 e a escala da exposição excedeu os níveis anteriores.
Para além das empresas, participam na Exposição nacional 69 países e 3 organizações internacionais, onze países, incluindo a Guiné-Bissau estão a participar, pela primeira vez, na exposição e os produtos da Guiné-Bissau, como a castanha de cajú, esculturas em madeira e vinho de cajú, também serão apresentados na exposição de empresas offline e na exposição comercial organizada pelo Centro de Comércio Internacional, apresentando-os plenamente aos empresários chineses e mundiais.
No seu discurso, o primeiro-ministro da China, Li Qiang, manifestou a sua sincera esperança de trabalhar com todos os países para promover a globalização económica rumo a uma direção mais aberta, inclusiva, universalmente benéfica, equilibrada e de ganho mútuo, de dar maiores contributos para a recuperação da economia mundial e para a prosperidade do desenvolvimento global.
“SEGURANÇA ALIMENTAR É UMA QUESTÃO ESSENCIAL E TEM A VER COM A SOBREVIVÊNCIA DA HUMANIDADE” – GUO CE
Na sua comunicação o embaixador Guo Ce destacou a segurança alimentar como uma questão essencial que “tem a ver com a sobrevivência da humanidade”, por ser uma questão global, complicada e séria.
Guo Ce assegurou que a China está a trabalhar com a Guiné-Bissau, prosseguindo o caminho rumo a um futuro compartilhado, a reforçar as cooperações nas áreas de segurança alimentar e redução de pobreza, bem como aumentar o bem-estar do povo guineense.
“Implementamos as assistências dos alimentos da melhor forma possível. Nos últimos três anos, a China tem oferecido à Guiné-Bissau um total de 5000 toneladas de arroz, entre as quais 2500 foram entregues em 2022, através do Programa Alimentar Mundial”, disse, lembrando que mais de 700 escolas locais e mais de 150 mil crianças beneficiaram dessa ajuda.
Segundo Guo Ce, em março deste ano, a China ofereceu à Guiné-Bissau uma assistência em alimentação humanitária emergente com mais de 1000 toneladas de arroz.
“Nos últimos dias, a pedido da primatura da Guiné-Bissau, a China iniciou um novo programa de assistência. Estamos a trabalhar com o Ministério da Mulher os pormenores”, anunciou.
Afirmou que desde 1998, a China tem realizado 11 fases da assistência técnica agrícola ao país, nomeadamente na formação técnica, introdução e cultivação de sementes melhoradas da cultura, bem como ao longo de décadas os especialistas chineses das missões técnicas agrícolas têm selecionado e cultivado um total de 37 variedades de arroz, formado mais de 20 mil pessoas, nas zonas de demostração nucleares como: Contuboel e Carantaba.
“Nessas duas localidades atingirá uma produção anual de 650 mil quilogramas, a produção por hectar tem aumentado de 1.2 toneladas para 5.5 toneladas. A China acaba de trocar notas com o Ministério da Agricultura sobre o projeto da 12ª assistência técnica agrícola. Os novos técnicos chineses vão chegar ao país na primeira metade do próximo ano”, anunciou, para de seguida afirmar que no âmbito de ajuda ao desenvolvimento económico da Guiné-Bissau, a China está a cooperar com a parte guineense em várias áreas, no quadro do Fórum da Cooperação China-África.
Frisou que o seu país está a promover a exportação da castanha de cajú para a China, porque “a Guiné-Bissau é um dos maiores plantadores da castanha de cajú e possui a castanha de melhor qualidade do mundo”.
Reconheceu que o setor de cajú é o motor principal para o desenvolvimento da Guiné-Bissau, mas o preço do produto estava reduzido e as vendas encolheram nos últimos anos devido à declinação da demanda internacional e da disposição de consumo, contudo afirmou que este ano o país completou o questionário emitido pela Administração Geral das Alfândegas da China sobre a exportação da castanha à China.
“Agora os dois países já completaram as comunicações sobre os textos do protocolo de exportação e já foi feito um rascunho. É possível que, depois das investigações da missão chinesa no país no próximo ano, o protocolo possa ser assinado. Algumas empresas chinesas já reconheceram a qualidade da castanha da Guiné-Bissau e antes do fim deste ano estarão cá para investigar. Nesta exposição internacional de importação da China, a missão guineense vai mostrar os produtos como a castanha e o sumo de cajú no mercado chinês e esperamos que a imagem da castanha da Guiné-Bissau possa ser embelezada nos consumidores chineses”, enfatizou.
No setor das pescas, o diplomata chinês disse que a empresa chinesa Zhongyu Global Seafood Cooperation tem investido e feito negócios no país por 4 décadas, bem como ao longo de décadas tem proporcionado 5000 empregos e paga taxas de todos os tipos em um valor estimado em 70 biliões de francos CFA.
“Além disso, assume ativamente a responsabilidade social, dando ao governo guineense a Unidade de Transformação e Conservação do Pescado orçada em 8 milhões de dólares americanos e tendo oferecido um lote de equipamentos de armazém frio às várias regiões do país.
Disse que neste momento a China está a abordar com o ministério das pescas e economia marítima a possibilidade de desenvolver a piscicultura, tendo anunciado que antes do final de 2023 uma equipa de técnicos especialistas chineses vai estar no país para fazer investigações nas ilhas Bijagós.
“Se o projeto for implementado, poderemos não só reduzir o preço do pescado no mercado nacional, como também melhorar as condições de vida dos cidadãos das ilhas, montar furos e reabilitar estradas”, afirmou.
A China anunciou que tem uma aposta forte no setor da energia, por constituir força motriz de desenvolvimento nacional, porque “se a Guiné-Bissau tiver o abastecimento estável de energia elétrica, poderá obter o melhor ambiente de negócio, atrair mais empresas estrangeiras para investir no país, aumentar o valor acrescentado dos produtos crus como a castanha de cajú, criar empregos e receitas tributárias e promover o desenvolvimento socioeconómico”.
Por: Filomeno Sambú