
O Ministro das Pesca e Economia Marítima, Dionísio Pereira, defendeu que a problemática da conservação da biodiversidade seja uma das prioridades do país, pois a economia nacional assenta em grande medida na exploração dos recursos haliêuticos.
Dionísio Pereira falava na cerimónia de abertura dos trabalhos de três dias do simpósio científico internacional sobre o grande ecossistema marinho da corrente das Canárias que decorre numa das unidades hoteleiras da capital Bissau, sob o lema “partilha dos conhecimentos para a gestão durável de Ecossistema Marinho das Correntes da Canárias (CCLME)”, na qual frisou que as áreas marinhas protegidas ajudam a afirmar os princípios da sustentabilidade dos recursos biológicos e da pesca, da gestão participativa e da pesca responsável.
O governante reconheceu que, apesar da importância do setor das pescas na mobilização das receitas não tributárias do Estado, o setor das pescas contribuí apenas com 4% para o Produto Interno Bruto, e que este emprega uma quantidade de mão-de-obra considerável, nomeadamente na fileira de vendedeiras de peixe, de transformadoras de pescado, de marinheiros, de pescadores artesanais e de estivadores.
O titular da pasta do ministério das pescas alertou que a pesca ilícita não declarada e não regulamentada tem efeitos e consequências devastadoras tanto para os recursos biológicos tanto para as populações que dependem da pesca para as economias dos países da sub-região.
“Como é sabido por todos, os recursos pesqueiros da nossa região comparados com as outras pescarias mundiais estão submetidos a pressões muito fortes sobretudo por frotas industriais estrangeiras que operam no quadro dos acordos bilaterais. A solução para este dilema tem dimensão supranacional porquanto a maior parte das pescarias migram além das fronteiras nacionais. Alguns grupos de espécies, caso dos pequenos pelágicos e dos atuns só podem ser geridos a escala sub-regional necessitando para o efeito de ações concertadas” disse, defendendo a necessidade de reforço dos instrumentos de gestão dos recursos pesqueiros e marinhos, uma vez que sem o aumento do fluxo do investimento público e privado dificilmente se pode tirar os países da situação em que se encontram.
Enalteceu, por isso, que a melhor forma é articular a cooperação para assegurar uma gestão frutuosa que assegure a durabilidade dos recursos pesqueiros.
O governante espera que os três dias de simpósio reforcem ainda mais o contributo dos países em fazer da “Ecoregião”, uma zona mais integrada e globalizada em torno das aspirações das populações para eliminar a pobreza no seio das comunidades principalmente as comunidades piscatórias.
Dionísio Pereira enalteceu que os desafios nos próximos tempos no subsetor da pesca industrial prende-se com o desenvolvimento e na criação de infraestruturas básicas adequadas para apoiar operacionalmente as frotas industriais que pretendem explorar os recursos disponíveis nas águas marítimas e, por outro lado, na criação de um ambiente favorável a instalação de investidores estrangeiros e nacionais ligados a pesca e atividades conexas.
Por sua vez, o diretor geral do Instituto Nacional de Investigação das Pesca e Oceanografia, Isa Barri, explicou que o objetivo geral do simpósio internacional é fazer partilha de conhecimentos a nível de sub-região, dos resultados de investigações científica feitas ao longo de anos em diferentes domínios de recursos haliêuticos financiados pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para sete países, nomeadamente Senegal, Gambia, Guiné- Conacri, Guiné-Bissau, Marrocos, Mauritânia e Serra –Leoa.
Para Isa Barri, o simpósio trará vantagens para a Guiné-Bissau porque vai permitir a elaboração de novos projetos e consequentemente orientar caminhos a seguir nas pesquisas dos recursos haliêuticos e ecossistemas.
“O simpósio também permitirá maior conhecimento do ambiente marinho e reforço de capacidade de técnicos jovens e, de forma geral, permitirá dar mais condições aos decisores políticos e elementos científicos para tomarem decisões”, explicou.
Refira-se que o simpósio científico internacional sobre o grande ecossistema marinho da corrente das Canárias está a ser realizado, na Guiné-Bissau, pela primeira vez, e nele participam sete países da África nomeadamente Senegal, Gâmbia, Guiné- Conacri, Guiné-Bissau, Marrocos, Mauritânia e cabo-verde.
Por: Carolina Djeme