O Presidente da República, General Umaro Sissoco Embaló, afirmou que vários elementos das forças da Brigada da Intervenção e Reserva (BIR) da Guarda Nacional participaram no ato que considera uma tentativa de golpe de Estado, como também “alguns políticos são atores morais e financiadores das ações da Guarda Nacional”.
“Efetuei essa visita para receber informações complementares sobre os acontecimentos de 01 de dezembro. Várias viaturas foram apreendidas e também elementos das forças da BIR foram detidos e estão a confessar e até citar nomes de pessoas que financiaram a ação”, disse, para de seguida assegurar que desta vez, este acontecimento vai ser investigado e colocar toda a coisa a olhos nus.
Embaló fez estas revelações na sua declaração aos jornalistas depois efetuar uma visita às instalações do Comando Geral da Guarda Nacional e ao quartel da Brigada de Intervenção e Reserva, ambos situados no bairro de QG, onde falou para os elementos daquela corporação em parada e apelando-os a colaborarem com a investigação e denunciar todos os envolvidos na tentativa de “golpe de Estado”.
Garantiu aos elementos da Guarda Nacional em parada que o Comandante Victor Tchongo e Ramalhano, chefe de operações daquela corporação, vão pagar muito carro pela tentativa de golpe de Estado. Informou aos presentes que doravante designou o Coronel Orlando Pugna, do exército, como Comandante da Guarda Nacional e o Tenente Coronel da Guarda Nacional, José Pedro como segundo comandante até segunda ordem.
A visita do Chefe de Estado que se fazia acompanhar do chefe de Estado-Maior Adjunto das Forças Armadas, General Mamadu Turé, dos chefes dos ramos, chefe da casa militar da Presidência da República e elementos do seu Gabinete, seguiu para o Estado-Maior, onde também reuniu-se com as chefias militares a porta fechada.
À saída da reunião com chefias militares, Umaro Sissoco Embaló garantiu aos guineenses que desta vez esta tentativa vai ser investigada e tornada a limpo para todos, acrescentando que existem pessoas especialistas em vitimização e garantiu ainda que desta vez tudo isso vai acabar.
“Vim aqui para não só informar-me sobre o acontecimento, mas também felicitar as forças republicanas pela bravura em repor a ordem constitucional. Já vos tinha dito que os acontecimentos de 01 de fevereiro nos escaparam e que nada mais iria apanhar-nos de surpresa”, disse.
Afirmou que vai deixar o poder apenas através das urnas, porque foi eleito democraticamente. Lembrou que ganhou as eleições de forma livre e justa, porque Deus determinou que seria ele a ganhar as eleições.
“Quero garantir-vos mais uma vez que tudo será tornado limpo e com provas contundentes que toda a gente vai saber que de facto apoio o Mamadu, mas desta vez o Mamadu cometeu erro”, assegurou, questionando se é com estas ações que as pessoas querem reconciliar-se?
“Esta é a reconciliação que as pessoas querem!? Reconciliação do caralho. Aii desta Comissão de caralho não sei de onde… Se eu ouvir mais alguém abrir a sua guelra vou fechá-la”, asseverou, pedindo desculpa pela linguagem, enfatizando que é bom compreender a sua mágoa.
Lembrou que as pessoas mataram o General-Presidente, João Bernardo Vieira “Nino” quando na altura se falava em virar a página. Frisou que o Presidente Nino Vieira é um herói nacional deste país e que, depois de Cabral é Nino Vieira.
“Quando tomam dinheiro para repartirem, não se lembram dos filhos dos pobres. Quero exortar as mães para aconselharem os filhos a ficarem em casa. Querem fazer desordem que peguem as suas esposas e seus filhos para passarem a frente e dali os seus apoiantes segui-los-ão”, referiu.
O Presidente da República, garantiu ainda que os trabalhos do inquérito vão terminar no Ministério Público e que todos os envolvidos serão conhecidos, afirmando que “desta vez mesmo se for o Presidente, não sei como, mas vai sentar-se no banco dos réus e vai para o calabouço”
Sobre as vítimas mortais, disse que nem sequer perguntou disso, “porque para mim quando um marginal morre é um bandido.” Acrescentou que da parte das forças especiais foram feridos e que foram retiradas as balas, já estão em recuperação no Senegal.
“Não existe baixa do lado das forças especiais. Agora se o bandido morrer é um bandido que morreu. Eu não sinto pena de rebelde, porque não sou rebelde”, contou.
“A minha maior preocupação é a vida dos dois governantes, porque sabemos que estavam lá e os seus problemas são com o Ministério Público. Dei instruções ao chefe de Estado-Maior Adjunto que podia fazer tudo menos a morte dos dois governantes, porque se não ninguém sairia vivo”, narrou, revelando que o Comandante Tchongo fazia do ministro das Finanças o seu escudo.
Umaro Sissoco Embaló informou que esta ação é muito mais profunda daquilo que as pessoas podem pensar e que é um golpe preparado.
“O nosso serviço de inteligência tinha a informação e estava a seguir os passos, mas se reagíssemos iriam falar que era invenção. Estamos equipados hoje, fazemos escutas telefónicas e watshapp. Acompanhamos esta ação desde quando saíram da Polícia Judiciária até a quartel, por isso as forças reagiram com prontidão”, disse.
Questionado se falou com o Primeiro-ministro, respondeu que sim existe comunicação com o Primeiro-ministro, frisou que de momento se trata do Comandante Supremo.
Afiançou que não haverá ajuste de contas, mas reafirmou que todos os envolvidos serão responsabilizados e vão para o calabouço.
Por: Assana Sambú