Crise Política: PRESIDENTE DA ANP RESPONSABILIZA SISSOCO POR TUDO O QUE LHE ACONTECER E À SUA FAMÍLIA  

O presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), Domingos Simões Pereira, responsabilizou esta sexta-feira, 15 de dezembro de 2023, o Presidente da República (PR), Umaro Sissoco Embaló, por tudo o que lhe possa acontecer, a ele e à sua família, na sequência da retirada da segurança da sua residência.

O presidente da ANP denunciou que, por ordens do chefe de Estado, os elementos das forças da CEDEAO e do seu corpo da segurança, que tinham sido colocados na sua residência, foram retirados e estão a ser intimados pelas estruturas a que pertencem para abandonarem a sua casa e passar a apresentarem-se periodicamente nas respetivas unidades.

“O Presidente da República ordenou a imediata retirada dos elementos da ECOMIB que reforçavam a minha segurança pessoal. Estou a dizer que ordenou, porque o comandante da força informou-me que recebeu ordens diretas do chefe de estado para a retirada dos meus homens”, precisou.

Em conferência de imprensa, o dirigente político informou que foi Umaro Sissoco quem  lhe comunicou diretamente a sua decisão de colocar a segurança da na sua residência, porque “achava que era importante garantir a minha segurança como parte da estabilidade coletiva que era necessária”.

“Não quero forçar nenhuma análise lógica, mas se naquela altura era importante garantir a minha segurança, então a sua retirada neste momento deve significar algo que não quero antecipar”, presumiu.

Domingos Simões Pereira disse que depois da retirada dos elementos da sua residência, agora foi a vez dos elementos da segurança nacional que o acompanham desde 2014, e são eles que estão a ser pressionados a abandonar a sua casa.

“Ontem receberam um documento denominado “guia de regresso”, no qual são intimados a apresentarem-se periodicamente nas respetivas unidades”, disse.

Para o líder da ANP, essa atitude do PR é “uma clara e deliberada intenção de colocar em causa a sua segurança e integridade física”, por isso “será único e exclusivo responsável por tudo que   eventualmente possa vir a acontecer a mim e à minha família”.

“Aproveito aqui para dizer que há uma persistência em suprimir toda a ordem democrática e a sua substituição por interesses que não nos parecem muito claros. Não quero entrar em grandes pormenores, porque a Plataforma da Aliança Inclusiva irá fazer o seu pronunciamento, mas a nível da ANP, tenho que dizer que continuo a não ter acesso às instalações, como também os funcionários não têm acesso, o que certa forma me leva a questionar a intenção de dissolver o Parlamento”, frisou e afirmou que talvez a intenção fosse acabar com o órgão.

“Porque se não fosse, o mínimo que se podia esperar era respeitar as condições previstas na lei e se permitisse ao órgão continuar a desempenhar as suas funções”, sublinhou.

O líder do Parlamento disse que a Plataforma não reconheceu a validade dos atos praticados para a dissolução do Parlamento e a própria queda do governo, mas aceitou a presença de Geraldo Martins à frente do executivo.

Domingos Simões Pereira esclareceu que a coligação PAI Terra Ranka não se revê no comportamento do chefe de Estado e que a recondução de Geraldo Martins ao cargo de primeiro-ministro é uma estratégia de estabelecer pontes de diálogo entre a presidência e a Plataforma.

“Eu quero dizer nesta ocasião que a plataforma interpretou não só a constituição da República, mas as próprias resoluções da conferência dos chefes de Estado e do governo que teve lugar em Abuja, Nigéria,  entendeu como um sinal de abertura a indigitação do Geraldo Martins para manter a única ponte de contacto com Presidente da República, para efetivar um diálogo que permitisse encontrar uma solução negociada para a situação, portanto não se trata nem de legitimar e questionar”, advertiu.

O também presidente do PAIGC denunciou que os magistrados do Ministério Público encarregues de investigar os eventos de 30 de novembro e 01 de dezembro e o dos seis biliões de francos CFA, pagos a 11 empresas, têm sido recebidos pelo Presidente da República que os apresenta publicamente como figuras ligadas a dois processos sem receio algum.   

“O chefe de estado não tem escondido, mas sim exibido aos seus visitantes no Palácio da República a presença dos magistrados do Ministério Público, presumivelmente encarregues da investigação do ocorrido no dia 01 de dezembro que ele mesmo qualificou de golpe de estado e de ato que muitos intitulam processo de seis biliões de francos CFA”, denunciou.

Lembrou que desde o primeiro dia, pediu que todo o cidadão que esteja na posse de alguma informação que possa permitir desvendar algum crime, passa a ser uma obrigação tornar público e contribuir para o desvendar deste crime.

“Mas quando se trata do Presidente da República, essa responsabilidade ainda é redobrada e julgo que deve fazê-lo, se tiver informações”, indicou e convidou Sissoco Embaló a tornar público e entregar todas as provas de que diz dispor, mas que permita as instâncias judiciais possam fazer o seu trabalho de forma independente, autónoma sem interferência de outro órgão de soberania.

Domingos Simões Pereira lamentou que a comunidade internacional tenha agido de forma pávida perante tudo que está a acontecer e convidou o povo a mobilizar-se e utilizar todos os instrumentos democráticos a seu favor e que as forças armadas se mantenham na sua posição de neutralidade e republicanas. 

“Queremos exortar a CEDEAO e o conjunto da comunidade internacional parceira da Guiné-Bissau a fazer aquilo que foi anunciado em Abuja, criando as condições para acompanhar de perto a situação política vigente e ajude o país a reencontrar a estabilidade, através da reposição dos órgãos de soberania e o seu normal funcionamento”, reforçou.

Por: Aguinaldo Ampa

Foto: A.A

Author: O DEMOCRATA

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