O Sindicato de Base do Instituto Marítimo Portuário acusou o atual presidente do Conselho de Administração do Instituto (IMP) de gestão danosa e de ter cometido ilegalidades nas nomeações e recrutamentos de novos trabalhadores sem passarem por concurso público.
As acusações foram tornadas públicas esta sexta-feira, 29 de dezembro de 2023, pelo Presidente de Sindicato, Issuf Sanhá, em conferência de imprensa, na qual denunciou igualmente, entre outros assuntos, a dívida de dois meses de salários, a falta de pagamento da segurança social e a melhoria das condições de trabalho.
O sindicalista revelou que os trabalhadores reuniram-se a 06 de outubro com o presidente do Conselho Administração do Instituto para alertá-lo sobre as consequências que as nomeações poderiam ter na vida dos trabalhadores e, consequentemente, na receita que “não é fixa”.
“Disse-nos que não tínhamos competências de exigir, que nomearia quem quisesse e que, na qualidade de presidente do Instituto, faria o que quisesse”, afirmou.
Perante esta situação, Issuf Sanhá pediu a quem de direito a assumir a sua responsabilidade para contornar a situação do Instituto, “imediatamente”, caso contrário, terão que usar outros mecanismos e que a conferência é apenas o primeiro passo dado, “o segundo será entrega de um pré-aviso de greve”.
Issuf Sanhá acusou o presidente do Conselho de Administração do Instituto de estar a gerir o Instituto como sua instituição ou propriedade privada.
O sindicalista acusou o presidente do Instituto Portuário de estar a ameaçar alguns membros do sindicato, razão pela qual pediu a sua demissão.
PRESIDENTE DO INSTITUTO NEGA QUE ESTEJA A COLOCAR EM CAUSA O PATRIMÓNIO DA INSTITUIÇÃO
Em reação às acusações dos trabalhadores, Arlindo Mendes, o presidente do Conselho de Administração do Instituto Marítimo Portuário, nega que tenha feito gestão danosa do património da instituição e afirmou que em três meses pagou cinco meses de salários, incluindo três do seu antecessor.
Desafiou os elementos do sindicato a provarem quem deles, incluindo eu e todos os trabalhadores, entrou no Instituto mediante um concurso público, bem como não contraiu uma dívida de dois meses de salários, porque “em três meses de funções tenho pago salários até novembro e nunca recrutei nenhum funcionário”.
“Têm a obrigação de esclarecer essa parte. Estou a trabalhar para deixar um bom legado. Pela idade que tenho, não estou interessado em colocar em causa a minha imagem nem a da instituição. Quero que a juventude benefie das experiências que adquiri noutras funções. Havia sete meses de salários em atraso, mas ninguém chamou a isso de gestão danosa. Que tenham a coragem de explicar direito, no conceito deles, o que é realmente uma gestão danosa”, desafiou.
Admitiu que existe uma dívida com a segurança social, mas esclareceu que em três meses como gestor do Instituto, nunca seria capaz de contrair uma dívida de mais seiscentos milhões de francos CFA.
“Estou à frente do Instituto para servir e gosto de trabalhar para deixar um legado, mas será que os membros do sindicato que me acusam de gestão danosa seriam capazes de fazer o que fiz em três meses ou resolver os problemas da segurança social? Quem tiver a capacidade de fazê-lo, pelo menos em 24 horas, colocarei o cargo à disposição. Não é a minha dívida, mas estou em negociações com a segurança social para liquidar esse valor” anunciou e disse que está no Instituto para construir, não para destruir, caso contrário não pagaria os salários aos funcionários.
Arlindo Mendes revelou que a admissão de funcionários é feita de várias formas e em função de compromissos.
“Mas não posso estar a pensar como presidente do Conselho de Administração. Estou aqui em funções para criar o meu próprio Staff e relegar os funcionários que encontrei no Instituto, não. É verdade que sozinho não serei capaz de desenvolver o instituto, mas até ao momento não trouxe ninguém. Seria útil que fossem honestos na sua declaração, porque a honestidade é o mal menor”, enfatizou, para de seguida afirmar que apenas as auxiliares de serviços gerais foram contratadas, mediante as necessidades apresentadas pelo diretor dos recursos humanos.
“Temos algumas mulheres de limpeza com problemas de saúde e outras que não podem continuar a trabalhar. Eram três. Admitimos quatro. O próprio presidente do sindicato participou na contratação de três das sete mulheres. As três são filhas de mulheres de limpeza falecidas. É uma forma de ajudá-las a sobreviver, porque estudam”, esclareceu.
Por: Carolina Djemé/Filomeno Sambú
Fotos: CD/FS