O Diretor Executivo da Rádio Capital FM, Lassana Cassamá, afirmou que as rádios têm feito um trabalho “muito extraordinário” na Guiné-Bissau no que diz respeito ao seu papel de informar, formar e educar a sociedade.
“Podemos imaginar a Guiné-Bissau sem rádios, um país em que pessoas não têm cultura de leitura para compreenderem o que está escrito nos jornais, tendo em conta o número expressivo de analfabetismo?”, observou.
Lassana Cassamá falava em entrevista ao semanário O Democrata sobre dia Mundial da Rádio que se celebra em todo mundo a 13 de fevereiro, tendo sublinhado que a rádio é um elemento mais acessível, porque “ os ouvintes não precisam da energia para ter acesso à informação difundida na rádio, apenas um telemóvel carregado, no carro e em casa ou um aparelho.
“A comunicação mais acessível para um país como a Guiné-Bissau, com mais de 60 por cento da população pobre é a rádio”, insistiu.
Lassana Cassamá assegurou que a Guiné-Bissau tem cerca de 50 rádios, entre as quais as comunitárias, as privadas e as religiosas com outro tipo de vocação.
Destacou que as rádios comunitárias têm desempenhado um papel “extremamente importante”, porque “servem como um instrumento de passar informação sobre a saúde, a educação, o ambiente, entre outros assuntos que interessam as comunidade”, bem como consciencializam a população sobre a prevenção e disputas de posse de terra e “as rádios generalistas desempenham uma abordagem mais abrangente, informar, formar e educar”.
“Temos um mundo hoje de redes sociais em que nem tudo é verdade, mas são movidas por especulação e manipulação, e a rádio aparece como um meio de massa tal como o jornal e a televisão, instrumentos de equilíbrio para as pessoas compreenderem onde está ou não a verdade, apesar de muitas dificuldades”, sublinhou.
O jornalista de profissão e correspondente da Voz da América na Guiné -Bissau assegurou que as rádios do país vivem sob censuras institucionais, porque “quando alguém não quer que os raios de ação de uma estacão emissora atinjam Cubucaré e outras localidades mais afastadas, simplesmente bloqueia todos os canais de receitas”.
“É simples. Têm instrumentos e o aparelho do Estado na mão, razão pela qual as emissões das rádios não podem chegar nestes lugares para reportar factos reais e limitam-se apenas aos trabalhos da redação condicionados pelas agendas do Estado e das entidades privadas”, esclareceu.
Lassana Cassama disse que estes estrangulamentos limitam os jornalistas no exercício das suas funções e não o conseguem pensar nem sequer uma agenda interna própria, por falta de condições para realizar uma verdadeira investigação durante um ou dois meses.
O jornalista advertiu que o contexto e a dinâmica política guineense estão a ser animados com uma dose de grande instabilidade que acaba por condicionar as rádios e os jornalistas a fazerem trabalhos que possam suscitar grandes reações, entre aquilo que se chama prisão de consciência, por causa da integridade física e a sua família.
Lembrou que no relatório dos Repórteres Sem Fronteiras de há um ou dois anos atrás referiu que o contexto político condiciona o exercício da liberdade de imprensa na Guiné-Bissau, “isso é verdade e factual”.
“Sabemos que os órgãos de comunicação social e jornalistas foram perseguidos na Guiné-Bissau, por não se alinharem com um ou outro regime e aqueles que se alinharam não ajudaram em nada, porque “intoxicaram a sociedade com informações falsas”.
“Informações que põe em causa a credibilidade dos homens da imprensa, porque há dividas de contar a verdade à população guineense, que tanto precisa da informação”, sublinhou.
Por: Aguinaldo Ampa