Cinco mil setecentos e noventa e cinco toneladas da castanha de cajú, remanescentes do ano 2022, estão a ser exportadas por camiões para o Senegal, onde foi encontrado um comprador interessado naquele produto.
A exportação destas remanescências de 2022 foi anunciada aos jornalistas pelo presidente da associação dos intermediários, Lássana Sambú, esta sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024, afirmando que a exportação daquele produto constitui um alívio para a sua organização, mas sobretudo para a empresa “JMS” dono da castanha e o próprio país que já corre o risco de ver a castanha de 2022 ser misturada com a do 2024, facto que segundo ele, pode prejudicar o país se acontecer.
A Guiné-Bissau exportou em 2022 mais de 240 mil toneladas da castanha de cajú, o principal produto da exportação o país, contudo havia 5. 795 remanescentes da empresa JMS, que agora também conseguiu vender o seu produto.
Sambú disse que a castanha de cajú remanescente de 2022 está num estado avançado de degradação, que nem dá para o consumo humano, anunciando que a sua organização mobilizou parceiros da sub-região e particularmente do Senegal, que manifestaram interesse no produto.
“Até ao momento já foram exportados para o Senegal mil e cento e noventa e cinco toneladas. A castanha não está em condições, mas pode ser aproveitada para outros fins, não para o consumo humano”, disse, lamentando que a empresa tenha que vender agora o produto a 200 francos CFA por quilograma, que em 2022, comprou junto do produtor no valor de 580 francos CFA.
“A empresa JMS, dono desta grande quantidade da castanha sofreu uma grande perda. Não conseguiu vender a castanha a bom preço naquela altura e ficou à espera de melhor preço, acabando por não conseguir exportar e armazenou-a até hoje. É verdade que a castanha estragou-se e perdeu o valor no mercado, por isso está a ser vendido a 200 francos cfa por quilograma”, explicou, avançando que a empresa tinha que contratar mais de cem mulheres para fazer a seleção da castanha, ou seja, secar a castanha de manhã até a tarde e selecionar aquelas que estão em boas condições e retirar aquelas que estragaram por causa da humidade.
Sambú precisou que a cada mulher é paga diariamente uma soma de 2500 (dois mil e quinhentos) francos cfa.
Lássana Sambú explicou que a organização que dirige (intermediários) fez o pedido de isenção ao governo no sentido de permitir a exportação destas castanhas por via terrestre e levantar todas as taxas, de forma a viabilizar o processo e facilitar a empresa que sofreu grandes perdas, porque “é um risco manter esta castanha no país com a nova safra à porta, corre-se o risco de os curiosos aproveitarem-se da situação para misturar o produto de 2024 com o de 2022, razão pela qual o governo tomou a iniciativa de isentá-la de todas as taxas e facilitar o processo da exportação”.
O empresário disse que existem também as de 2023 que se estimam serem entre duas mil e duas mil quinhentas toneladas, frisando que estão a trabalhar em colaboração com outros parceiros no sentido de encontrar um comprador o mais rápido possível e retirar todas estas castanhas dos armazéns antes da campanha de comercialização da castanha do presente ano.
Presente na visita aos trabalhos da exportação das remanescências da empresa JMS para o Senegal, o diretor-geral do comércio externo, Lassana Fati, realçou na sua comunicação a iniciativa do executivo em isentar a empresas de taxas e permitir a exportação daquele produto para o mercado internacional. Acrescentou que o gesto do governo é um sinal forte no sentido da promoção dos preparativos para a campanha de comercialização da castanha de 2024.
“Este para nós é motivo de satisfação e mostra que vamos tentar preservar a qualidade da castanha de cajú na Guiné-Bissau e permitir à empresa dar mais folga e preparar melhor a campanha de comercialização de castanha 2024”, sublinhou.
Questionado sobre o que está na origem do atraso na exportação de castanha de 2022, Lassana Fati, respondeu que o atraso só pode ser explicado pela empresa, porque é uma componente comercial que não envolve o ministério.
“O que se sabe é que houve dificuldades por parte da empresa e compradores a nível internacional, tendo em conta a baixa do preço do produto e o proprietário não queria vendê-lo ao preço que estava ser praticado no mercado internacional, tendo em conta o valor a que tinha comprado o produto no mercado nacional e tentou procurar melhor preço, infelizmente não conseguiu um mercado para vender e acabou por perder”, assegurou, enfatizando que há uma empresa que também tem uma certa quantidade da castanha de cajú remanescente de 2023 que se estima entre duas mil a três mil toneladas.
Por: Assana Sambú