O vice-presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Califa Seide, afirmou que a democracia está em perigo e que o país está mergulhado numa crise política profunda, depois da dissolução do Parlamento e consequentemente a queda do executivo da Plataforma Aliança Inclusiva- Terra Ranka.
Ao dirigir-se aos dirigentes do PAIGC em Cassacá, no sul do país, Califa Seide disse que hoje não se pode falar da democracia, mesmo os partidos integrantes do governo sentem que o país vive um regime ditatorial e que estes estão a estudar a possibilidade de aliarem-se com outros partidos para combater a ditadura.
Neste sentido, Califa Seide apelou a todos os partidos a juntarem-se numa frente comum, cada um na sua perspetiva, para combater à ditadura instalada e repor a democracia no país.
“Esta é a nossa responsabilidade enquanto partidos. Na luta, Cabral traçou três objetivos: libertar o país do jugo colonial; criar as condições para o desenvolvimento socioeconómico; organizar o Estado para que o povo não seja explorado. São estas conquistas que estão a ser postas em causa hoje. Estão a ser criadas barreiras àquilo que são os direitos constitucionalmente consagrados na Constituição da República” insistiu, afirmando que a constituição da República foi posta de lado há muito tempo.
“Não podemos admitir isso. Por isso, devemo-nos juntar para salvar a democracia para que o povo exerça o seu direito livremente. Hoje, não é só o PAIGC que sente aditadura, mas também outros partidos” disse.
O também deputado da nação disse que a Guiné-Bissau precisa de paz e que o povo está cansado das constantes instabilidades políticas.
“Aproxima-se a campanha de comercialização de cajú, não sabemos o que nos espera, temos que programar como outras nações. Um país desorganizado, mesmo que tenha melhores futebolistas do mundo não vai ter sucesso no CAN, por mais riqueza que possa ter, essa riqueza não vai servir para nada, porque estamos desorganizados. Não podemos sonhar ganhar o CAN com esta desorganização. Não sonhemos com boa campanha de comercialização da cajú”, vincou.
Desafiou os atores políticos a organizar o país, consolidando a democracia e deixando“ quem tem um programa e se esse programa for sufragado, deve-se-lhe deixar governar para que possa implementar o seu programa”.
Lembrou que o PAI Terra Ranka tinha um programa que resolveria todos os problemas sociais de que hoje os cidadãos reclamam.
O PAIGC lançou a pedra para a construção de um centro de formação ideológica em Cassacá.
Califa Seide garantiu que o local histórico onde foi realizado o congresso de Cassacá em 1964 continuará a ser o local de inspiração, esperando que as reflexões que os quadros do partido vão fazer entre 16 e 17 de fevereiro, serão ponto de partida para os próximos embates.
Por: Tiago Seide