Opinião: PME’s – Pequenas e Médias Empresas Guineenses e os desafios-chave

Há uma grande tentação dos jovens, sobretudo os universitários que pretendem iniciar seus pequenos negócios,  em face às altas taxas de desemprego.

Uns perguntam, inclusivamente, o que é preciso fazer para iniciar as operações de “doing business”?

De modo genérico, as operações comerciais evoluem-se gradualmente e em fases distintas.

A maioria das empresas inicia seu envolvimento com outras empresas estrangeiras, por meio de importação ou exportação de produtos e serviços. Ou por economia de afeição, por apoio familiar ou dos amigos.

Uma pequena empresa nacional pode constituir sociedades ou “joint ventures” com empresas estrangeiras para penetrar em certos mercados, tanto nacional, quanto regional ou internacional.

Gradualmente as pequenas e médias empresas – mais de  3.000 desde a criação do CFE – Centro de Formalização de Empresas, em 2011, vão aprofundando seu envolvimento, pelo início de investimentos diretos em países de origem e, posteriormente, em países  selecionados no estrangeiro.

Investimentos diretos: referem-se a investidores que possuem pelo menos 10% de uma empresa privada em outro país.

Como o ambiente de uma organização começa e se expande do doméstico  (local) para o internacional, a administração das PME enfrenta não apenas um número maior de elementos, mas, também, uma complexidade ambiental e institucional bem mais profunda.

As operações das empresas, de modo geral, se concentram nas quatro (4) Forças Internacionais do macroambiente: 

1) Forças Político-Legais; 

2) Económicas; 

3)Tecnológicas; e 

4) Lociais.

Na primeira força, alguns países têm diretrizes rígidas para a contratação e demissão de empregados; outros exigem que uma certa porcentagem (%) de pessoas contratadas por uma empresa estrangeira seja de cidadãos do país em que a empresa opera; e alguns exigem que uma parte do que é produzido dentro de seus limites seja exportada para angariar moeda estrangeira (divisas). Essas leis e regulamentações, próprias de cada país, oferecem oportunidades e apresentam ameaças aos negócios, principalmente, às “start up”.

Uma tendência político-legal pode, outrossim, ser atribuída à mais recente medida adotada pelo atual executivo liderado por Eng. Rui Duarte de Barros, em 2019, em reduzir a Base Tributária – Estrutura de Custo de 950 USD em 2023 para 750 USD em 2024. A ser implementada, a referida “imposição” se se mantiver terá reflexos imediatos na presente campanha de comercialização da castanha de caju – o nosso principal produto de exportação, até porque há vozes que defendam que fosse a 750 USD.

Sobre as forças económicas,  geralmente os indicadores macroeconómicos comuns, como o produto interno bruto (PIB), podem sugerir oportunidades para negócios quando a economia está em expansão ou, ao contrário, pode prevenir a respeito de ameaças quando uma economia está em recessão (ou seja quando a economia não cresce em, pelo menos, 3 meses ou mais).

Houve, por acaso, em (2018), a recessão da economia guineense devido, em parte, a contração da comercialização da castanha de caju, fazendo com que o nosso PIB diminuísse em 2%. Houve  novamente contração da nossa economia, em 2023, atendendo ao fracasso da campanha de cajú.

Pois, entre os períodos homólogos de (2017 e 2018) o crescimento do PIB foi de 5,9% e 3,8% respectivamente.

Um outro indicador importante às empresas nas suas operações comerciais, fundamentalmente, àquelas vocacionadas para (import/export) são as taxas de câmbio, devido às suas mudanças dramáticas ao longo do tempo. Em 2023, houve uma valorização da Moeda USD (Dólares norte-americano) face às outras moedas, que impactou a compra e venda de cajú.

Pelos dados históricos, a título de exemplo em (1994), o franco CFA teve uma depreciação em torno de 50% produzindo efeitos sérios à inflação nas economia da UEMOA.

No que tange às forças tecnológicas, a tecnologia, passa a redundância, tem grande impacto nas operações de negócios. As nações em desenvolvimento têm  recebido mais empresas “entrantes” neste setor. Com esses “entrantes” sobrevêm um influxo de recursos financeiros, oportunidades para treinamento de força de trabalho e chances de aquisição de novas tecnologias.

Por fim, e não menos importante, há  forças sociais. Cada país possui uma cultura própria e distinta – isto é, seus valores, tradições e padrões de comportamento geralmente aceites.Não se surpreenda que essas diferenças culturais interfiram nos esforços dos gestores e empreendedores de entender e comunicar-se com pessoas de outras sociedades.

A cultura influencia fortemente os valores que as pessoas trazem consigo. Por sua vez, os valores influenciam os objetivos que as pessoas e as empresas, em certa sociedade, estabelecem entre si mesmas.

Se for devidamente valorizada a cultura poderá catapultar o crescimento de PIB em países como a Guiné-Bissau, pois nos últimos cinco (5) anos, cerca de 53% do crescimento do PIB de países como Nigéria advém do setor de Arte e Cultura…

Enfim, os negócios não dependem apenas dos “humores internos”, ou seja, eles dependem, também, das variáveis externas, na medida em que um negócio pode estar envolvido apenas em seu mercado doméstico ou pode competir no exterior em um dos três níveis: Internacional, Multinacional ou Global. 

Dentro dos contextos (doméstico, internacional e multinacional) uma empresa pode competir com “sucesso” tendo uma participação grande ou pequena no mercado.

Definitivamente, fazer negócios é algo, extremamente, sério e exige enorme “insight” estratégico que passa,  necessariamente, pela “diversificação”  da nossa operação e da nossa economia, tendo em conta que nenhuma empresa nacional consegue transformar até agora, pelo menos 10.000 tonelada da castanha de caju.

Porém, todos os dias pregamos e defendemos que o caju é o nosso produto estratégico de exportação, engraçado…!

Costa de Marfim, estrategicamente falando, canaliza cerca de 15% da sua produção local, para a transformação local…!

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Por : Santos Fernandes

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