Coordenador do MADEM: “ACUSARAM-ME DE SER RESPONSÁVEL PELO GOLPE DE 01 DE FEVEREIRO POR ISSO ESTÃO A PERSEGUIR-ME”

O Coordenador Nacional do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G 15), Braima Camará, revelou que está a ser acusado de ser o primeiro responsável pela tentativa de golpe de Estado, ocorrida a 01 de fevereiro de 2022, razão pela qual está a ser perseguido neste momento.

“Eu não sou um homem violento e o povo guineense conhece-me. Quero aproveitar esta ocasião para deixar um pedido… Se houver um militar, guineense ou estrangeiro, branco ou preto, dentro e fora ou civis que tenham informações do meu envolvimento ou se algum dia perpetuei atos da violência, que apareça e faça denuncia publicamente. Não sou um homem violento, aliás no dia 01 de fevereiro estava em Toulouse (França), mas disseram ontem que eu sou o ator número um deste acontecimento, por isso estão a perseguir-me”, disse o líder do MADEM, em declarações aos jornalistas esta segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024, à saída de encontro com o ministro do Interior e da Ordem Pública, Botche Candé, para abordar a situação dos dirigentes do seu partido, que diz estarem a ser perseguidos pelas autoridades policiais.

A tentativa de golpe de Estado de 01 de fevereiro foi perpetrada por um grupo de homens armados que atacaram o Palácio do Governo, onde se encontrava o Chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, a presidir uma reunião do Conselho de Ministros. O caso levou à prisão cerca de 40 militares e civis. De entre os presos, estão o antigo Chefe de Estado-maior da Armada, o Contra-almirante José Américo Bubu Na Tchutu, o ex-Chefe de Quadros do Estado-Maior General das Forças Armadas, oBrigadeiro-general Júlio Nhaté, e o Comandante Adjunto da Brigada Mecanizada Tenente Coronel Júlio MamM’Bali.

Camará fez-se acompanhar, nesta sua deslocação ao Ministério do Interior, pelo secretário nacional do partido, Abel da Silva Gomes, pelos responsáveis da estrutura juvenil e das mulheres, bem como pelo advogado do partido, José Paulo Semedo.

Segundo as informações apuradas, um grupo de dirigentes do MADEM-G 15 está a monte e receia que seja detido pelas forças de segurança, por ter organizado manifestações políticas e proferido denúncias sobre um determinado político que apresentou queixas contra essas pessoas.

O Coordenador Nacional do MADEM disse aos jornalistas que conclui que todas as perseguições de que é alvo é a forma que o regime encontrou para o intimidar e silenciá-lo, tendo assegurado que jamais vai calar-se e que vai continuar a denunciar os atos de perseguição e de ameaça para que “se um dia os guineenses virem o meu cadáver dentro da minha casa que saibam que é por motivação política”.

“É mentira associar-me aos eventos de 01 de fevereiro. Nunca me tratei com os militares, nem sequer vou às casas de militares. Há militares com os quais tratamo-nos como irmãos, apenas neste fórum.  Se estivesse envolvido nesse caso, porque só ontem resolveram associar-me a este caso? Fiz a campanha das eleições legislativas, percorri todo o país e os guineenses ouviram o meu discurso”, disse, questionando o porquê “só ontem é que alguém decidiu associar o meu nome ao caso da tentativa de golpe de Estado?”.

“Porque alguém tem alguma estratégia de eliminação física do Braima Camará”, denunciou.

“Disseram se eu não vi como o Ansumane Mané passou com o Presidente Koumba Yalá. O Ansumane desafiou o Presidente Koumba e foi morto daquela forma, isto quer dizer que o Braima Camará também será assassinado da mesma forma qualquer dia…”, contou, acrescentando que nasceu para morrer e que deixou tudo nas mãos de Deus.

Questionado sobre quem o acusou de ser responsável do caso 01 de fevereiro, respondeu que a acusação foi feita num encontro entre o Presidente da República, UmaroSissoco Embaló, e um grupo de pessoas da comunidade muçulmana.

Camará disse que não tem problemas com ninguém na Guiné-Bissau e afirmou que é homem de paz e do diálogo. Lembrou, neste particular, que foi solicitado várias vezes para exercer as funções de primeiro-ministro, mas recusou e indicou outras pessoas para exercê-las.

Sobre a situação dos dirigentes do partido perseguidos pelas forças de segurança, explicou que recebeu a garantia do ministro do Interior de que desconhece esta intenção, afirmando-lhes que quer também a paz e estabilidade para a Guiné-Bissau.

Acrescentou que o ministro deu orientações aos elementos do seu gabinete para pôr cobro à situação, tendo avançado que os dirigentes notificados deverão ir ao ministério acompanhados dos seus advogados para prestar as suas declarações.

Lamentou que as autoridades tenham proibido reuniões e manifestações políticas de um determinado grupo e deixado outros promoverem manifestações políticas por todo o país.

Por: Assana Sambú

Author: O DEMOCRATA

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *