Editorial: SUBORDINAÇÃO PSICOLÓGICA DE MILITANTES DOS PARTIDOS POLÍTICOS NAS ELEIÇÕES

[Edição impressa nº560 Ano XII, de 29 de fevereiro de 2024] A nossa história recente de 33 anos do processo de eleições democráticas está repleta de pressões de líderes dos partidos políticos que participam nos escrutínios eleitorais. Os líderes partidários criam apenas as condições económicas necessárias para a subordinação psicológica dos militantes que adquiriram de outros partidos políticos.

As pressões psicológicas e económicas levam aaquisição de militantes dos partidos políticos que não estão no governo. Que têm menos recursos económicos para manter os seus militantes fieis ao seu líder no processo eleitoral seguinte no país. Há hoje, na Guiné-Bissau, uma autêntica desorganização dos partidos políticos com as sucessivas aquisições de militantes de um partido por outro.

Há uma enorme promiscuidade nos partidos políticos. Ninguém compreende o comportamento de militantes e de dirigentes de um partido adquiridos por outro partido que continuam a reivindicar direitos partidários que eles próprios violaram ao se venderem a outro partido político. 

Não é lógico, num Estado de Direito Democrático, um grupo de militantes reivindicarem internamente os interesses de outro partido ou de outro candidato. É só no nosso sistema político que existem militantes e dirigentes comprados por lideres de outro partido político que reivindicam os seus direitos internos para favorecem as candidaturas de outros partidos políticos.

Nesta amalgama de promiscuidade de alianças políticas, não se distingue os inimigos de um partido político dos seus verdadeiros militantes e dirigentes. Nos países democráticos não é aceitável que altos dirigentes de um partido político reivindiquem os seus direitos internos para beneficiar a candidatura de um líder de outro partido. Na nossa democracia multipartidária é normal um alto dirigente de um partido político reivindicar os seus direitos internos para beneficiar a candidatura do líder de outro partido político concorrente às mesmas eleições.

A única forma de, pelo menos, reduzir este novo fenómeno de aquisição económica e eleitoral de militantes e de dirigentes de partidos políticos é adotar a técnica de salamização política em todos os partidos políticos legalmente constituídos no país. Não deve haver militantes e dirigentes de um partido político que na calada da noite se confraternizem com líderes do seu partido, mas que apoiem o líder de outro partido político. São militantes e dirigentes que reivindicam, infelizmente, os seus direitos internos no partido para beneficiar a candidatura do líder de outro partido político legalmente constituído.

Os partidos políticos, como vanguarda esclarecedora dos eleitores, devem ter dirigentes com apurada formação ideológica de liderança. Ou seja, os altos dirigentes de um partido político devem ser politicólogos com qualidade ideológica de liderança reconhecida dentro e fora do partido. Devem ser dirigentes com ideias políticas pensáveis e publicáveis na esfera política nacional. São ideias da ideologia partidária aceitáveis por todos outros militantes e dirigentes do seu partido.

Os partidos políticos devem ter, na sua liderança, lideres com grande visão e ação política que influenciem pela positiva todos os seus membros.Devem ainda saber comunicar pela positiva todas as suas estratégias políticas, em particular, as estratégias eleitorais dos seus partidos. 

Militantes e altos dirigentes dos partidos políticos não devem desenvolver, internamente, estruturas secretas de assalto ao poder, nem de vender as estratégias eleitorais do seu partido. Deixam também de promover ações psicológicas que favorecem internamente as candidaturas de lideres de outras formações políticas. Isto seria como dormir num quarto e saber que noutro quarto ao lado alguém está a dormir com a sua esposa e você mantém silêncio. 

É uma autêntica subordinação psicológica dos militantes de um partido a líder de outro partido. É impossível um politicólogo realístico compreender esta nova filosofia política de um líder partidário ou de um candidato de um partido comprar militantes de outro partido.

Hoje, para os políticos da Guiné-Bissau a manipulação da opinião politica com aquisição pública de militantes e dirigentes políticos é fundamental para o sucesso eleitoral de um candidato. O que exige uma rendição psicológica dos militantes e dos dirigentes que um candidato ou líder de um partido político adquiriu noutro partido político. Não haverá nenhum instinto de sobrevivência política dos pequenos partidos políticos que não possuem meios financeiros para adquirir os militantes dos grandes partidos cujos lideres possuem grandes meios financeiros ou que estejam no governo.

Os líderes e os altos dirigentes dos grandes partidos políticos devem abandonar a cultura de aquisição de dirigentes e militantes dos pequenos partidos. Devem mobilizar-se internamente para a rejeição desta nova cultura política que destrói as estratégias eleitorais dos pequenos partidos políticos na Guiné-Bissau. 

Para combater este novo fenómeno será necessário que os partidos políticos elejam nas suas estruturas partidárias um grupo de dirigentes esclarecidos e responsáveis por implementar as decisões do partido democraticamente aceite por todos os seus militantes. Estes dirigentes devem deter as informações estratégicas que não podem ser partilhadas com os dirigentes de outros partidos políticos. Devem igualmente fixar objetivos prioritários do partido que os seus militantes devem concentrar os esforços na sua hierarquização ideológica para satisfazer as necessidades e as promessas internas e externas do partido nas eleições legislativas e presidenciais.

Por: António Nhaga

Diretor Geral

angloria.nhaga@gmail.com

Author: O DEMOCRATA

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