
O Sindicato Nacional de Professores da Guiné-Bissau (SINAPROP) critica o governo por falta de engajamento nos compromissos assumidos na negociação de pagar as dívidas atrasadas dos professores novos ingressos, contratados e dar continuidade ao processo de efetivação dos professores para que o sindicato não avançasse para a greve, tendo assegurado que o governo não cumpriu essas promessas e decidiu bloquear os salários de docentes inativos.
A falta do cumprimento do engajamento do governo com a classe docente foi criticada pelo presidente da comissão negocial do SINAPROF, Eduardo Oliveira Mendonça, durante uma entrevista por telefone ao Jornal O Democrata para falar das duas vagas da greve decretadas por aquela organização sindical e as exigências feitas no caderno reivindicativo.
“PAGAMENTO DE NOVOS INGRESSOS E CONTRATADOS SÃO PONTOS ESSENCIAIS PARA NÃO AVANÇARMOS PARA A GREVE”
O SINAPROF decretou a primeira vaga da greve de 5 a 7 de fevereiro, que segundo o sindicalista teve a adesão de 70 por cento e prejudicou o funcionamento normal de aulas nas escolas públicas. A segunda vaga decorreu de 26 a 28 de fevereiro e teve 65 por cento de adesão, prejudicando também o funcionamento das aulas.
O sindicalista explicou ao nosso semanário que o caderno reivindicativo (entregue pela sua organização ao executivo) tem 22 pontos, entre os quais a exigência da melhoria das condições do trabalho, o subsídio de carga horária, o pagamento de dívidas atrasadas aos professores contratados e de novos ingressos de ano letivo 2018/2019, 2019/2020, 2020/2021 e 2021/2022, bem como o pagamento de nove meses de salários para toda a categoria de professores referentes ao ano 2003.
“O governo chamou-nos para negociar quando desencadeamos a primeira vaga de greves. E no encontro do dia 04 de fevereiro, quer dizer, um dia antes do início da primeira vaga de greves, comprometeu-se que na segunda-feira (05 de fevereiro) iria processar os salários dos professores de novos ingressos e dos contratados, referentes ao ano letivo 2020/2021 e 2021/2022, como também garantiu que daria continuidade à efetivação dos professores”, disse, acrescentando que esses são dois pontos do caderno reivindicativo que o governo comprometeu-se a cumprir, apelando-lhes para não avançarem com a greve, “porque organizaria uma sessão especial do Conselho de Ministros (terça-feira, 06 de fevereiro) para analisar a situação da classe docente e os respetivos cadernos reivindicativos.
Assegurou que o que saiu daquela reunião do Conselho de Ministros foi totalmente contrário ao engajamento assumido pelo governo, tendo frisado que depois daquela reunião a situação agudizou-se, ou seja, o governo decidiu avançar com medidas mais severas que são o bloqueio dos salários dos chamados professores “inativos”, que são professores doentes ou aqueles que estão na formação no estrangeiro.
“O bloqueio de salários dos nossos colegas doentes e dos que estão a estudar no estrangeiro levou-nos a avançar para a segunda vaga da greve. Sabemos que os professores que estão a estudar no estrangeiro saíram com licenças, portanto nós entendemos que o governo deve compreender a situação dos professores doentes e dos colegas que estão a estudar no estrangeiro para depois vir servir o país”, enfatizou.
Informou que na segunda vaga da greve, o governo remeteu-se ao silêncio total e nem sequer chegou a lhes telefonar para solicitar um encontro. Acrescentou que a greve é livre e se o professor quiser pode aderir.
Questionado sobre quais são os pontos essenciais e se forem cumpridos, se não avançará para a terceira vaga da greve que se está a preparar, respondeu que os pontos essenciais são o pagamento de dívidas atrasadas aos professores de novos ingressos e dos contratados, porque “não é humano que alguém trabalhe durantes estes anos sem receber salário”.
Por: Assana Sambú