Crise política: FREPASNA PEDE ELEIÇÕES LEGISLATIVAS E EXORTA PARTIDOS A ACEITAREM A LIDERANÇA DO SUPREMO TRIBUNAL 

O líder da Frente Patriótica de Salvação Nacional (FREPASNA), Baciro Dja, pediu ao Presidente da República, a realização das eleições legislativas para tirar o país da interinidade e exortou os partidos políticos de aceitarem a direção do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e a direção da Comissão Nacional de Eleições (CNE).

“O Presidente da República tem que voltar a ouvir o povo, porque não podemos passar todo o tempo na transição. É preciso realizar as eleições legislativas e eu quero aqui pedir ao povo guineense que nos dê desta vez a confiança, porque nós somos uma liderança visionária, congregadora e desprovida de preconceitos étnico e religioso”, disse o líder dos “patriotas” na sua declaração aos jornalistas no final da reunião do Comité Central do partido, na qual foi-lhe renovada a confiança para liderar o partido nos próximos quatro anos.

A FREPASNA, que completou no dia 8 de março de 2024, seis anos da sua criação, reuniu o seu Comité Central na cidade de Mansoa, região de Oio, no norte da Guiné-Bissau, para analisar a situação do partido, a conjuntura política e social do país, bem como apelar ao Baciro Dja, a reconsiderar a sua posição de deixar a liderança do partido depois das eleições legislativas de 2023, assumindo de novo o partido para os próximos quatro anos. 

Ao Baciro Dja, que também chegou a exercer a função do Primeiro-ministro, em 2016, durante quase seis meses, foi renovada a confiança hoje na reunião do Comité Central, constituído por 351 membros.

O político disse na sua declaração à imprensa que o seu partido pede uma oportunidade ao povo guineense para promover a unidade nacional, como também trabalhar arduamente na criação das condições de vida aos guineenses para que haja paz e estabilidade na Guiné-Bissau. 

Questionado se o seu partido irá às eleições com as interrogações feitas a volta da legitimidade da direção do Supremo Tribunal de Justiça e da Comissão Nacional de Eleições, respondeu que é preciso trabalhar para a realização das eleições, “porque é o único meio para clarificar a situação”

“O Supremo Tribunal de Justiça é o que nós temos e nós temos que aceitar o que temos. Não temos outra instância que não seja esta! Acho que na democracia temos que respeitar as instituições que temos a começar peloPresidente da República até ao último cidadão”, exortou o político.

Solicitado a pronunciar-se sobre as eleições exigidas, disse que o país está sem o Parlamento e um executivo saído das urnas, razão pela qual é preciso clarificar a situação através da realização das eleições legislativas e depois as presidenciais. 

Sobre a crise vivida no seio dos principais partidos políticos e as denúncias feitas concernentes a existência de muita droga na Guiné-Bissau, assegurou que todos os partidos que estão a criticar e denunciar a existência da droga no país estiveram no governo e até chefiaram o executivo. 

“Que moral essas pessoas têm hoje para falar da existência de drogas no país? Por que saíram do governo!? Houve um pronunciamento feito no Conselho de Ministros, feito pelo anterior governo, que diz que havia um avião que trouxe droga e até se criou uma comissão de inquérito para averiguar a situação. Na altura não sabiam que havia droga e só hoje é que estão a pronunciar-se?”, questionou o líder dos patriotas. 

Relativamente a realização das eleições, disse que o país já realizou várias eleições e que o problema da Guiné-Bissau não são as eleições, mas é o comportamento dos dirigentes políticos, afirmando que a democracia não termina com as eleições. 

“Saímos de uma eleição e fomos aplaudidos todos, mas como é possível que em três meses da governação temos um desvio de seis biliões de Francos CFA!? Isto é a democracia? A democracia não termina com os votos. É a prática ou exercício da política, mas também é a moral e a ética da política”, exortou.

Indagado se a FREPASNA estará disposta a aliar-se com uma formação política, disse que os principais partidos não aceitarão aliar-se com o seu partido, porque sabem quem é o dirigente da FREPASNA.

“Eu combati a corrupção no governo de Domingos Simões Pereira e demiti-me do seu governo. Havia cinco mil passaportes diplomático vendidos em Macau. Roubaram 60 milhões de dólares norte-americano que não estavam inscritos no Orçamento Geral do Estado, não foi discutido no Conselho de Ministros e nem foi validado no Tribunal de Contas. Este dinheiro foi distribuído aos “djintis” de Bissau”, criticou, acrescentando que os 60 milhões de dólares chegam para construir todos os hospitais regionais do país e mais cinco universidades e que o país não precisa enviar jovens para estudar no estrangeiro. 

Advertiu que o povo guineense contribuiu para a situação que se vive atualmente no país, porque aceitou ser enganado com um saco de arroz e dez mil francos cfa nos últimos dias das eleições. 

Por: Assana Sambú

Author: O DEMOCRATA

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