O Comité do Bairro de Barrofa em Coladje, Baciro Sanha, mostrou-se arrependido por o seu bairro ter decidido trazer um vidente para obrigar a comunidade local a beber uma poção tradicional, resultando na morte de 8 pessoas, na sua maioria homens e 22 outras tiveram que receber assistência médica no hospital setorial Bacar Mané em São Domingos.
Num Djumbai promovido pela Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) no âmbito do projeto Observatório da Paz “Nô Cudji Paz”, em Coladje, no setor de São Domingos, Baciro Sanha explicou que a decisão de trazer o vidente foi “consensual” e que foi fundamentada na necessidade de se fazer a “limpeza da tabanca”, por supostamente estarem cansados, sustentando que os jovens morrem sem adoecerem, não conseguem terminar com sucesso os estudos na cidade, casam-se e não conseguem ter filhos, também devido ao aumento de mortalidade, e que se registam muitos males na tabanca.
“O vidente disse-nos que tinha um medicamento tradicional e que quem o bebesse, se fosse feiticeiro confessaria. Preparou a poção e começamos a bebê-lo. Algumas pessoas começaram a vomitar assim que tomaram a poção mágica. Oito (8) pessoas morreram e 22 foram evacuadas para São-Domingos. Não sabíamos que iríamos cair neste desastre” declarou arrependido, sublinhando que foram enganados pelo vidente que lhes disse que quem bebesse, se fosse feiticeiro iria confessar no local, mas não foi isso que aconteceu.
“Bebemos, mas ninguém confessou. Eu não esperava que muita gente morresse. Espero que ato de género não vai repetir-se no nosso bairro” disse.
Matulé Coli, que viu a sua mãe morrer por ingerir o “medicamento”, que se encontrava também internada no hospital Bacar Mané, lamentou o que considerou um “desastre”, tendo apelado à LGDH para usar a sua influência para que os 16 jovens da tabanca de Coladje que se encontram detidos nas celas da Polícia de Ordem Pública de São Domingos sejam libertados, por a maioria estar com problemas de saúde.
Os representantes da comunidade de Coladje levantaram questões relacionadas com a falta de ambulância e medicamentos para o posto de saúde local, falta de carteiras para a escola e dificuldades de escoamento dos seus produtos devido às más condições da estrada que liga São Domingos a Varela, secção de Suzana.
Por: Tiago Seide
Foto: TS