Os Sistemas Mediáticos são, de forma inequívoca, reconhecidos em todas as sociedades contemporâneas de ecossistemas mediáticos e digitais, como as verdadeiras fontes do poder e de cidadania . A propriedade do trabalho dos homens dos Media deve ser sempre escrutinada no mercado de ideias de uma sociedade democrática. Infelizmente na Guiné-Bissau o Sistema Mediático nacional assinou, com a classe política, um pacto económico e social de renuncia do seu papel de fonte da cidadania de interesse público.
Os Media guineenses, na sua maioria, assumem na produção de notícias, o papel de interesse particular do público. Como fontes da cidadania nacional, deixaram sempre de lado o papel de interesse público. A omnipresença dos Media nacional nos assuntos de interesse público afetou todas as condições de liberdade de opinião e da cidadania nacional.
Por exemplo, um jornal, como o Democrata, que reivindica um estatuto de referência nacional e internacional, não pode nem deve esquecer nas suas edições que a diversidade e o pluralismo de conteúdos que garantem, no espaço público, um processo sólido da cidadania em defesa de democracia nacional. Deve perfilar num jornalismo exigente e não num jornalismo permissivo de deixa andar e de não se comprometer com o interesse público.
Assistimos hoje, na esfera pública nacional, a renúncia do jornalismo do seu papel de interesse público a favor de interesse particular do público. Com a ausência de Modelo de Negócios no país, a maioria dos jornalistas estabeleceu com os Assessores de Imprensa um pacto financeiro de produção de conteúdos. Esqueceram que o jornalismo tem de ser uma prática assente na veracidade dos fatos e das afirmações, que pautam o interesse público das cidades, das regiões e do país inteiro.
A maioria dos jornalistas nacionais esqueceu-se que não tem licença de mentir por uma alegada boa causa de interesse particular do público. Fizeram orelhas moucas de esquecer que são responsáveis para que a verdade seja dita de modo que o país mude de ritmo de velocidade democrático. Os Media e os jornalistas guineenses como fontes de cidadania devem estabelecer, na produção de conteúdos, um padrão de pauta que respeita a dignidade humana, promova a democracia e os direitos dos cidadãos no espaço público nacional.
O Sistema dos Media e os jornalistas nacionais deveriam estar hoje em condições de expor ao público as várias questões ocultas que deliberadamente coabitam connosco na nossa esfera pública democrática. A ausência de poder do Sistema dos Media e dos jornalistas subverteu os valores de interesse público e da imagem do próprio Sistema Mediático Nacional. Por isso, os jornalistas preocupam-se em ter mais nas suas pautas as temáticas de interesse particular do público que o interesse público.
É preciso que os editores dos Media nacionais reflitam sobre as temáticas que publicam para poder perceber melhor que o trabalho da imprensa e os jornalistas nacionais ainda está muito longe de ter um grande impacto no público na Guiné-Bissau. Para termos um país globalizado com uma esfera pública plural, os Media e os jornalistas devem assumir o papel de mecanismo de aprofundamento da democracia, da cidadania, da liberdade de expressão e de informação.
O Sistema Mediático e o jornalismo nacional devem servir-se de uma ferramenta de conhecimento que permita ao cidadão refletir sobre a governação do país. Deve pautar e expor ao público os conteúdos de informações sobre, por exemplo, a Prospeção Geológica e Mineral. Ou de 18 fontes de petróleo que existem no nosso país, cujas 14 estão localizadas no Mar e quatro em terra. Os Media e o jornalismo nacional seriam, assim, uma espécie de um instrumento que incentivaria uma crítica metodológica de conhecimento de grandes acontecimentos de interesse público da nossa Nação, e não de interesse particular de um determinado público no mercado de ideia democrática da Guiné-Bissau.
Quando o Sistema Mediático nacional é subvertido para olhar mais para o interesse particular de um determinado público, deixa o jornalismo paupérrimo e o nosso sistema democrático estruturalmente moribundo, sem mercado de ideia na nossa esfera pública nacional.
Devemos, assim, refletir sobre a pautagem da temática jornalística para a produção de notícias que consumimos no espaço público do território nacional.
É necessário que as pautas temáticas do nosso Sistema Mediático reflitam os interesses públicos nacionais. Os jornalistas nacionais não devem ter nenhuma licença de mentir por alegação de uma boa causa nacional. Devem ser responsáveis para que a verdade de fatos seja dita e conhecida publicamente em todo o território nacional. Em suma, o nosso Sistema Mediático e o jornalismo nacional devem desconstruir e apresentar de forma transparente todos os fatos de interesse público nacional. O que permitirá transformar e modificar as práticas e maneiras de agir no dia-a-dia dos nossos governantes e do nosso público em geral.
O Sistema Mediático nacional oferecerá aos cidadãos nacionais ferramentas democráticas de expandir a sua perceção, o seu conhecimento e a sua prática democrática na esfera pública. O que leva cada cidadão a ter claro e coeso o conceito de cidadania nacional na sua interação cultural e democrática. Poderá aumentar igualmente a capacidade do cidadão de questionar e de gerar a sua reflexão com outros cidadãos nacionais em relação ao interesse público da Nação.
Pautar, por exemplo, sobre a Prospeção Geológica e Mineral, ou sobre as 18 fontes de petróleo que existem no nosso país cujas14 estão localizadas no Mar e quatro em terra, deve ser visto como um papel natural de interesse público dos Media e do jornalismo nacional. É um instrumento que incentiva uma crítica metodológica e um conhecimento de grandes acontecimentos de interesse público da nossa Nação e não de interesse particular de um determinado público no mercado de ideias democrática da Guiné-Bissau.
Por: Drº António Nhaga
Diretor – Geral
angloria.nhaga@gmail.com