Venda de arroz : GOVERNO PONDERA REVER A POLÍTICA DE SUBVENÇÃO

O governo guineense pondera cortar a subvenção ao preço do arroz assegurada até este momento, tendo gastado mais de quatro biliões de Francos CFA, tendo em conta o fardo da despesa salarial, por isso analisa a situação e alerta a população guineense que nos próximos tempos poderá acionar outras medidas para fazer face a situação.  

A decisão do executivo foi anunciada pelo ministério do Comércio e Indústria através do diretor-geral do Comércio Externo, Lassana Fati, durante uma conferência de imprensa realizada na tarde de sexta-feira, 05 de abril de 2025, para debruçar sobre a situação do mercado internacional no concernente ao arroz e a castanha de cajú, mas sobretudo da questão do arroz tendo em conta a iniciativa do governo indiano de interditar a exportação de grandes quantidades do seu arroz e que está a causar um impacto enorme no mercado mundial.

A Índia assegura a exportação de 40 por cento a nível do mercado mundial. A Guiné-Bissau importa anualmente mais de 200 mil toneladas deste cereal e a maioria provém daquele país asiático.  Em agosto de 2023, o governo da Coligação Plataforma Aliança Inclusiva – PAI Terra Ranka adotou a iniciativa da subvenção do arroz que é o cereal mais consumido pela população guineense, com o intuito de fazer face ao elevado custo de produtos da primeira necessidade e a perda do poder de compra pelas populações. 

O arroz cem por cento partido, que custava 22.500 francos cfa, passou a ser vendido 17.500 francos cfa, tendo assim uma diferença de cinco mil francos cfa. O arroz cinco por cento partido (aruz grós) que era vendido entre 23000 até 24000 passou a custar 22.500 francos cfa, com uma diferença de 1500 francos cfa.  

GUINÉ-BISSAU É O PAÍS QUE VENDE O ARROZ MAIS BARATO NA SUB-REGIÃO

O diretor-geral do Comércio Externo, Lassana Fati, explicou que o governo está a refletir seriamente sobre a situação do mercado mundial, particularmente a decisão do governo indiano de cortar a exportação de grandes quantidades deste cereal para o mercado internacional, garantindo que o executivo está empenhado em trabalhar para que não haja penúria do arroz no mercado nacional.

“Sabemos que a nível dos países da sub-região, o arroz é mais barato na Guiné-Bissau e custa 17500 francos cfa, para um saco de 50 quilogramas, enquanto nos países vizinhos, por exemplo, no Senegal, custa 19000 e 20 000 francos cfa e na Guiné-Conacri. Feitas as contas, custa 23000 francos cfa”, disse, acrescentando que o próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou o governo guineense, que está a sufocar o tesouro público com a iniciativa da subvenção do preço do arroz iniciada desde o mês de agosto de 2023 e mais as despesas salariais. 

“O fundo entende que o governo não conseguirá aguentar com esta pressão de subvencionar o arroz e ao mesmo tempo pagar os salários”, contou, enfatizando que a advertência do FMI levou o governo, através do ministério do Comércio e Indústria, a informar a população em geral que a subvenção do arroz está a constituir um fardo enorme e que está a ponderar acionar algumas medidas nos próximos tempos.

Questionado sobre as medidas acionadas pelo executivo concernentes à aquisição do arroz já que a Índia interditou a exportação deste cereal do seu país, respondeu que na verdade, é difícil substituir o mercado indiano devido a sua capacidade de produção, mas salientou que o governo guineense, juntamente com os seus parceiros empresários, encontraram-se e seguiram para o Paquistão, ele também um dos grandes produtores deste cereal.

Fati garantiu que o país tem ainda uma quantidade de arroz que pode ser consumida no período de dois meses, sem avançar o número de toneladas de arroz existente no mercado nacional neste momento.   

“Uma grande quantidade do arroz chegou ao país neste momento, mas atualmente estamos na fase da negociação com o empresariado para acertarmos o preço em que este produto poderá ser vendido”, informou, acrescentando, que desde agosto do ano passado até a data presente, o governo negoceia com os empresário para que o arroz seja comercializado na base do preço fixado, de formas a facilitar os consumidores e assumir parte dos custos, através da subvenção para manter o preço base.

O diretor-geral do Comércio Externo assegurou que a Guiné-Bissau não tem dificuldades atualmente em termos de arroz.

Explicou, neste particular, que desde o mês de agosto do ano passado até a data presente, gastou-se cerca de quatro mil milhões de francos cfa na subvenção do arroz, permitindo a população comprar este produto ao preço de 17500 fcfa para o arroz cem por cento partido e 22500 fcfa para o arroz cinco por cento partido. 

Indagado se a advertência do executivo sobre as despesas feitas na subvenção e que o leva a acionar novas medidas, visa sensibilizar a população que o arroz voltará a ser vendido ao preço anteriormente conhecido, respondeu que cabe ao governo debruçar sobre a possibilidade do aumento do preço do arroz ou não, mas afiançou que o comércio vai orientar o governo a adotar melhor solução.

“A verdade é que o governo até agora continua a subvencionar o arroz para que seja vendido nos preços bases fixados. Quatro mil milhões de Francos CFA é muito dinheiro para uma economia frágil como a nossa e continuar nestes gastos não terá parceiros dispostos a acompanhá-lo, porque até o FMI nos advertiu claramente que a Guiné-Bissau não tem  condições para suportar a subvenção do arroz”, contou, frisando que o país está a dar-se ao luxo de ter o arroz mais barato do que o mercado senegalês e da Guiné-Conacri, mas o mercado internacional está a ficar cada vez mais difícil.

Questionado ainda se uma das medidas que o governo poderá acionar é cortar a subvenção do arroz, disse que existem muitas opções em cima da mesa, afirmando que “é possível não avançar com a suspensão da subvenção e apenas reduzir a subvenção que está muito alta, de formas a permitir que o mercado nacional não fique sem o arroz”.

Por: Assana Sambú

Author: O DEMOCRATA

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