A Comissão Política do Partido da Renovação Social (PRS) aprovou na manhã desta segunda-feira, 03 de junho de 2024, uma resolução na qual decidiu retirar a confiança política aos 16 dirigentes daquela formação política que constituem o “Grupo dos Inconformados” pela tentativa de criar uma comissão ad-hoc “sem cobertura estatutária” para dirigir o partido.
A direção do partido de milho e arroz dirigido por Fernando Dias da Costa reuniu os membros da Comissão Política na sua sede histórica situada no bairro de Cundock, periferias de capital Bissau, para analisar a situação interna do partido e, sobretudo, a iniciativa dos chamados dirigentes inconformados que decidiram criar uma comissão ad-hoc para a gestão do partido até a realização do congresso, bem como apreciar a situação política vigente.
No passado dia 30 de maio, os chamados “dirigentes Inconformados” com a postura de Fernando Dias da Costa, anunciaram a criação da Comissão ad-hoc para gestão transitória dos assuntos correntes do PRS, liderada pelo antigo Presidente Interino do Partido, Ibraima Sori Djaló. Já no dia seguinte, 31 de maio, a Comissão de Gestão transitória do Partido, emitiu um comunicado no qual avisava que as reuniões de quaisquer natureza em nome do PRS apenas podem ser convocadas mediante a orientação expressa do presidente da Comissão, Ibraima Sori Djaló, advertindo que a Sede Nacional, regionais e diáspora só podem ser utilizadas, para quaisquer fins, mediante a autorização prévia do Presidente da Comissão.
Dos 276 membros que constituem a comissão política, estiveram presentes na reunião desta segunda-feira, 201comissários políticos, que deliberaram através da resolução lida na voz do porta-voz do partido por Roberto Mbesba, a retirada da confiança política aos 16 dirigentes do grupo dos inconformados, designadamente: Ibraima Sori Djaló, José de Pina (Dutchi), Feliz Blute Na Ndungué, Aladje Caramo Camará, Orlando Mendes Viegas, Edneusa Lopes da Cruz, Certório Biote, Ilídio Vieira Té, Augusto Poquena, Dionísio Cabi, Fernando Augusto Cabi, Mónica Buaró, Francilino Cunha, João Roberto Metcha, Fransual Dias e Aladje Soncó.
A Comissão Política instruiu ainda o líder do partido, Fernando Dias da Costa, para convocar a reunião extraordinária do Conselho Nacional, com vista a suspender os militantes e dirigentes acima referidos.
Os dirigentes dos renovadores chegaram à sede nacional e encontraram a barricada montada pelas forças de segurança impedindo a entrada, mesmo assim, conseguiram entrar com a chegada de Fernando Dias da Costa e realizaram a reunião para a aprovar a resolução apresentada aos jornalistas.
Na abertura da reunião, Fernando Dias da Costa, acusou diretamente o deputado Ilídio Vieira Té, de ser o interessado em destruir o partido por orientação do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló.
Explicou na sua comunicação que Ilídio Vieira Té, que também exerce a função do ministro das Finanças neste executivo, enviou uma carta ao Supremo Tribunal de Justiça na qual informou que quer criar uma Comissão ad-hoc para dirigir o partido. Acrescentou, neste particular, que o Supremo respondeu a carta, dizendo que tomou nota e que não avançou mais nada, “sendo assim não tem nenhuma legitimidade de criar uma comissão política para gerir o partido”.
“Mesmo se o Supremo Tribunal de Justiça concordasse com a criação de qualquer comissão, devia ser feita dentro do órgão do partido que é o Conselho Nacional, não num dos hotéis da capital Bissau como aconteceu no dia 29 de maio”, esclareceu, criticando que o ato que aconteceu naquele dia é um atentado à democracia, perpetrado pelo atual poder que está fazer abuso, porque tem suporte do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, General Biaguê Na N’Tan.
“Umaro Sissoco Embaló, usou o ministro do Interior e da Ordem Pública, Botche Candé, para ordenar ataques aos militantes do PRS, por isso é que não queremos dar culpas às forças de ordem, porque estão a cumprir a missão de alguém. Queremos ainda alertar Sissoco Embaló que o Partido da Renovação Social não vai morrer, porque somos pioneiros da democracia, portanto em nenhum momento permitiremos que essa situação aconteça”, assegurou.
Fernando Dias da Costa disse que se os inconformados quiserem realizar congresso que o façam e que o mesmo será apenas um congresso de comunicação social e não terá a participação dos órgãos do partido e nem de bases.
Acrescentou que se a ala dos inconformados está confiante, pode participar na reunião da Comissão Política para provar que tem a maioria, ao invés de recorrer às forças de ordem para intimidar os militantes na sede daquela formação política.
“Ibraima Sory Djaló enviou uma carta ao ministério do interior para dar a ordem aos agentes policiais a fim de espancar os militantes e dirigentes do partido na nossa própria sede. Por isso, decidimos sair de casa para entrar na sede a fim de nos matarem, porque ninguém nos pode impedir de entrar na nossa sede. Quero informar ao povo guineense que mesmo com a situação que estamos a enfrentar na nossa sede, vamos continuar a defender a democracia e os direitos”, advertiu.
Relativamente à situação dos suspeitos da tentativa de golpe de Estado de 01 de fevereiro de 2022, Fernando Dias da Costa voltou a exigir às autoridades nacionais no sentido de libertar os presos, “porque já caíram na situação de injustiça”.
“Convocamos a reunião da Comissão Política para mostrar aos nossos colegas que estão noutro lado a exigir a realização de congresso do partido que estamos interessados em realizá-lo. Hoje convocamos esta reunião, não compareceram, alegando um despacho do Supremo Tribunal de justiça que é um mero ato administrativo, porque o juiz Lassana Camará é desembargador e o seu poder de atuação é no tribunal de relação e quem decide no Supremo Tribunal de Justiça é juiz conselheiro. Portanto, o juiz Lassana Camará assinou o despacho na qualidade de Chefe de gabinete e não como juiz conselheiro”, sublinhou.
Por: Aguinaldo Ampa