RUI BARROS DIZ QUE PROBLEMAS TÉCNICAS ATRASAM CONEXÃO AO CABO SUBMARINO ACE  

O Primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Rui Duarte Barros disse que o atraso que se regista na utilização efetivo do cabo submarino do consórcio internacional ACE [Africa Cost to Europe] pelas operadoras de telecomunicações no país deve-se aos problemas técnicos, que segundo a sua explicação, “quando se pretende conectar ao sistema tem que ter a consciência que pode falhar um dia como acontece em qualquer parte, portanto é preciso de trabalhar no sistema de segurança”.  

“Felizmente, a rede da OMVG que traz a corrente elétrica tem lá uma fibra óptica de comunicação que vai servir como o back-up, para quando falhar ou se houver um incidente, porque o cabo passa no mar e de vez em quando há problema de rotura. Não podemos ficar dependentes só deste sistema que é muito perigoso, porque se não é todo o país que fica paralisado. É por isso que vários países não têm só um cabo, estão conectados a vários cabos para acautelar-se dos problemas que poderão aparecer”, disse o chefe do governo numa entrevista concedida aos órgãos da comunicação social para falar da Conferência Internacional – Guiné-Bissau digital, que se realiza de 11 a 13 do mês em curso, cujo objetivo é manifestar o compromisso da Guiné-Bissau em abraçar a revolução digital de maneira proactiva.    

“QUEREMOS COM A CONFERÊNCIA PROMOVER A DIGITALIZAÇÃO DA NOSSA ECONOMIA”

O evento intitulado “Guiné-Bissau Digital: Impulsionando a Transformação Digital” é uma iniciativa que vai unir todas as partes interessadas – do setor público, privado, acadêmico e da sociedade civil – em uma conversa construtiva sobre o papel da digitalização no futuro do país. A Guiné-Bissau, como muitos países em desenvolvimento, enfrenta uma série de desafios, incluindo a necessidade de melhorar a prestação de serviços públicos, impulsionar o crescimento econômico, promover a inclusão social e fortalecer a governança, razão pela qual o governo quer apostar na digitalização como uma ferramenta poderosa que pode contribuir significativamente para enfrentar esses desafios.

Ainda de acordo com uma nota entregue aos jornalistas, o executivo quer encontrar no digital como um acelerador para a modernização da administração pública, a promoção da transparência na gestão pública designadamente pela via de melhor regulação, controle social e político, da melhoria do ambiente de negócios, de aproximação da diáspora e do reforço da sua participação. 

O chefe do Governo, Rui Duarte Barros, explicou à imprensa que a conferência é muito importante para o país, “porque entendem que a revolução digital não é só para algumas pessoas, mas tem que ser democratizado a nível da nossa sociedade devido às suas vantagens”. Acrescentou que o governo pretende com a conferência promover a digitalização da economia do país e da sociedade em geral, que começa com a utilização das novas tecnologias nas escolas, setor privado, comércio, saúde e todos os serviços que podem beneficiar desta ferramenta. 

“Haverá presença de várias instituições nesta conferência e alguns departamentos de Estado poderão explicar aquilo que estão a fazer, bem como haverá a partilha de experiência de alguns países amigos, instituições privadas nacionais e estrangeiras estarão presentes na conferência para falar das suas experiências na utilização de serviços de novas tecnologias nos seus trabalhos”, assegurou, alertando que “é necessários andarmos juntos para de fato podermos utilizar estas ferramentas que hoje em dia se utiliza em toda parte do mundo”.

Lembrou que recentemente inauguraram um centro de telemedicina no hospital militar, onde assistiram em vivo uma consulta que os médicos militares guineenses estavam a fazer em colaboração com os médicos portugueses no Porto (Portugal).

“Nesta consulta ao vivo através de internet se discutia o melhor tratamento a fazer e como é que deviam fazer a cirurgia”, disse, afirmando que é possível adotar este meio no país e que é uma questão da vontade política.

“TEMOS TUDO PRONTO PARA O CONCURSO INTERNACIONAL DA PRIVATIZAÇÃO DA GUINE TELECOM E GUINETEL”

Sobre os desafios da digitalização do serviço público que o governo pretende levar a cabo e as dificuldades da cobertura da rede de telecomunicações a nível nacional que as operadoras deparam, reconhece as dificuldades que as operadoras de telecomunicações deparam em fazer a cobertura nacional da rede de telecomunicações, contudo, estranha-se com a referida situação, dado que as operadoras já levam muitos anos a operar no país. 

Revelou que o governo está a trabalhar com as operadoras de telecomunicações no sentido de ter um back-bone nacional de fibra óptica que permitirá que a comunicação seja mais barata e mais rápida. Enfatizou que o Estado da Guiné-Bissau, neste mesmo quadro, contraiu um empréstimo do Banco Mundial para fazer a interconexão do cabo submarino que dará ao país uma outra oportunidade na utilização de internet. 

“Aquilo que se utilizou no hospital militar é uma outra tecnologia através de starlink, que ouvimos falar na Ucrânia. É para mostrar que isso também funciona aqui e não é um tabu, portanto é muito mais barato. Há várias tecnologias hoje que nós podemos beneficiar e ter o acesso à internet nas zonas mais recuadas do país”, notou, reconhecendo ainda que existem problemas, mas que é preciso trabalhar no melhoramento do sistema de comunicação. 

Rui Duarte Barros anunciou na sua comunicação que o governo vai lançar o concurso da privatização da empresa nacional de telecomunicações “Guinetel”. Sublinhou que, neste momento, estão a trabalhar com o Banco Mundial e que já se elaborou o caderno de encargo e que têm tudo pronto para o lançamento do concurso internacional para a privatização da Guine Telecom e Guinetel.  

Questionado sobre os indicadores atuais na função pública e sobretudo os objetivos traçados a curto e médio prazo com a implementação do sistema do “BLOCKCHAIN” anunciado pelo governo, respondeu que o é interessante a Guiné-Bissau é um dos pioneiros em África na implementação deste sistema criado em 1991, mas que somente em 2009 é que as empresas começaram a utilizá-lo através da famosa moeda digital “Bitcoin”.    

“É uma tecnologia que pode ser utilizada para qualquer situação e não só para a gestão dos recursos humanos. Esta tecnologia permite criar um sistema de alertas, porque quando tem um banco de dados de recursos humanos da função pública, ninguém pode alterar nada, se os intervenientes que estão no sistema não estão de acordo fazer esta alteração”, esclarece, afirmando que o sistema cria mais segurança e não só, como também “é um sistema que é bom para nós, porque vai permitir controlar melhor a massa salarial da função pública e ter estatísticas fiáveis do pessoal da função pública”. 

Relativamente à gestão e conservação de dados pessoais de cidadãos no quadro da efetivação de um acordo recentemente assinado entre o governo e uma empresa internacional (N-soft) para controlar a coleta de receitas fiscais, através de conexão digital com sistemas de todos os bancos comerciais, empresas de jogos de apostas e operadoras de telecomunicações, uma vez que a Guiné-Bissau não dispõe de uma legislação para o efeito, o chefe do governo explicou que o “BLOCKCHAIN” é diferente com “N-soft”, reconhecendo que é importante a proteção dos dados. 

“Todos os países da nossa sub-região têm uma lei sobre proteção dos dados pessoais, porque os dados privados não podem ser divulgados de qualquer maneira. Todos nós temos que trabalhar numa legislação que possa proteger toda a nossa população”, notou.

Por: Assana Sambú     

Author: O DEMOCRATA

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *