A cidade de Bissau acolhe, de 11 a 13 de junho de 2024, uma conferência internacional denominada “Guiné-Bissau Digital”, que tem como objectivo impulsionar a transformação digital como uma ferramenta crucial para enfrentar os desafios do século XXI, promover o desenvolvimento sustentável, melhorar a prestação de serviços públicos, utilizando a digitalização para aumentar a eficiência e a transparência na administração pública.
O país quer ainda, com o uso de tecnologias digitais, reforçar a governança e promover a inclusão social, promover novas oportunidades de negócios e a inovação tecnológica, a utilização de ferramentas digitais para diminuir as disparidades socioeconómicas e aumentar o nível de vida dos cidadãos.
A conferência internacional juntou especialistas e agentes económicos dos três países, nomeadamente Cabo Verde, África do Sul e a Nigéria para transmitir a experiência dos seus países no campo da digitalização, técnicos nacionais do setor público e privado, académicos e a sociedade civil para discutir e explorar o papel da digitalização no futuro do país, através de painéis de discussão, debates sobre os desafios e oportunidades de digitalização na Guiné-Bissau, inovações tecnológicas e soluções digitais.
Na abertura da conferência, o primeiro-ministro, Rui Duarte Barros, lembrou que vivemos num mundo cada vez mais globalizado e digitalizado, no qual a revolução digital está a transformar profundamente as economias, sociedades e instituições em todos os cantos do planeta e a Guiné-Bissau é uma nação rica em cultura e diversidade.
Disse estar plenamente consciente deste impacto e reconheceu que a adoção da digitalização é um passo crucial para enfrentar os desafios do século XXI. Rui Barros disse acreditar firmemente que a transformação digital irá dotar o país de ferramentas essenciais para alcançar um desenvolvimento sustentável e inclusivo, fortalecendo a competitividade a nível global.
O Chefe de governo assegurou que a conferência internacional “Guiné-Bissau Digital” irá impulsionar a transformação digital e renovar o compromisso em trabalhar em estreita colaboração com os parceiros internacionais, setor público e privado, académicos e a sociedade civil, de modo a potenciar sinergias e acelerar a adoção de soluções digitais inovadoras.
Rui Duarte Barros advertiu que a Guiné-Bissau, como muitos países em desenvolvimento, enfrenta uma série de desafios que devem ser abordados para garantir a eficácia e a sustentabilidade dessa iniciativa, visando a adoção do digital, nomeadamente melhorar as infraestruturas de base, infraestruturas das telecomunicações, especialmente em zonas rurais, permitindo o acesso à internet de alta velocidade e a implementação de serviços digitais, criar competências digitais sobretudo de profissionais qualificados em tecnologias de informação e Comunicação necessários para desenvolver, implementar e manter sistemas digitais e melhorar a governança e regulação, bem como definir um quadro regulatório robusto para a proteção de dados, cibersegurança e operações digitais.
Por seu lado, a representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Alexandra Casazza, disse que a transformação digital necessita de acesso à internet de banda larga, mas com o cabo submarino que já chegou à capital Bissau, através da parceria com o Banco Mundial, conseguiu assegurar os recursos para que, em breve, a internet de banda larga chegue a todas as regiões e que seja mais económica e rápida.
Defendeu que para impulsionar a quarta revolução industrial, a Guiné-Bissau precisa de garantir o acesso à energia em todo o país, sendo um desafio prioritário, porque “uma em cada três pessoas tem acesso à eletricidade”.
Alexandra Casazza disse que a Guiné-Bissau precisa de uma revolução de competências, porque o rápido avanço da tecnologia exige um repensar da educação que deve incluir novas competências em torno das tecnologias digitais, como também é necessário financiamento sustentável, porque a transformação digital exige grandes investimentos infraestruturais e financiamento.
“A inclusão da juventude é fundamental, sobretudo em países como a Guiné-Bissau, onde 8 em cada 10 guineenses têm menos de 35 anos. A juventude é uma oportunidade para a transformação digital, mas apenas se for garantida a sua inclusão e que se apoie a sua participação na vida económica, social e política através das tecnologias digitais”, defendeu.
Para o Embaixador da União Europeia no país, Artis Bertulis o digital tornou-se a pedra angular no progresso económico e social, força motriz de mudanças e inovação, sendo que receber a transformação digital, torna-se no desenvolvimento sustentável, enquanto factor crucial no crescimento económico, investimento e na boa governação.
Em nome dos três países, Cabo Verde, África do Sul e Nigéria, o embaixador de Cabo Verde no país, Camilo Leitão de Graça, disse que esta é a terceira participação daqueles países num evento de cariz socioeconómico e cultural, com a presença de especialistas e agentes económicos que se juntaram aos seus pares deste “país irmão em Bissau”, com apoio do PNUD.
“A rápida revolução tecnológica que assistimos, no qual temos hoje a inteligência artificial que é de uso corrente no mundo desenvolvido, enquanto pelos nossos lados na maior parte do sul global ainda constituem uma miragem, mesmo entre a juventude, mas que, no entanto, a transformação digital poderá trazer benefícios enormes para a gestão dos recursos públicos, ação governativa, bem como para o mundo dos negócios”, destacou.
Por: Aguinaldo Ampa