Cabo Verde: ALUNOS GUINEENSES DESTACAM-SE NO DOMÍNIO DA APRENDIZAGEM E NO DESPORTO 

Os filhos de imigrantes guineenses no Município do Porto Novo, na ilha de Santo Antão, em Cabo Verde, gozam dos mesmos direitos que os seus colegas cabo-verdianos nas escolas públicas e estão a destacar-se no domínio da aprendizagem e no desporto naquele país da África Ocidental com ligações históricas com a Guiné-Bissau.

Porto Novo, que é o maior Concelho da Ilha de Santo Antão, já teve vários professores guineenses que foram transferidos para outras ilhas de Cabo-Verde, nomeadamente para São Vicente e para Praia para continuarem a desenvolver as suas atividades de docência.

A informação foi transmitida pelo delegado do Ministério da Educação no Concelho do Porto Novo, Leonildo Oliveira, durante uma entrevista ao  jornalista Alison Cabral do Jornal O Democrata, que  se encontra em Cabo Verde em missão de serviço e aproveitou  para saber como vivem os estudantes e os cidadãos  guineenses que escolheram o Arquipélago como a sua segunda pátria, principalmente a sua integração naquele país que lutou juntamente com a Guiné-Bissau contra os colonialistas portugueses para ver conquistada a sua independência.

“A  integração dos guineenses cá tem sido boa. Nós temos aqui um número de crianças que frequentam as escolas no Porto Novo, os pais são participativos e participam nas atividades das escolas e os alunos também destacam-se nas escolas. Temos alunos que se destacam não só no domínio da aprendizagem, mas também no domínio do desporto”, disse.

“Temos as crianças da África Ocidental, concretamente os guineenses que são grandes atletas. Praticam diversas modalidades, mas também são alunos destacados.Já tivemos muitos  professores guineenses, mas por necessidades imperiosas, alguns foram transferidos para outras ilhas”, enfatizou.

Nomeado em junho de 2022 para exercer o cargo de delegado do Ministério da Educação no concelho do Porto Novo, Leonildo Oliveira, assegurou que Cabo-Verde tem no seu sistema educativo quase que consolidado com esforços de muitos professores guineenses. Oliveira destacou também a integração dos cidadãos guineenses no Porto Novo no setor do Comércio, da Construção Civil e dos Negócios Ambulantes.

“Como já teve a oportunidade de dizer o ministro da Educação Nacional ao jornal O Democrata, Amadeu Cruz, os guineenses não se  sentem estrangeiros aqui na nossa comunidade. Eu próprio, como professor,já tive alunos guineenses que estudaram aqui em Cabo-Verde”, disse.

Segundo explicações de Oliveira, os alunos guineenses quando terminam o décimo segundo ano da escolaridade têm acesso ao ensino superior, sem nenhum constrangimento não só em Cabo-Verde, como no estrangeiro.

“Há alunos da origem guineense que  nasceram cá. De pais guineenses e mães cabo-verdianas, vice-versa. Portanto, são cabo-verdianos, razão pela qual têm todos os direitos e regalias que uma criança  de pais cabo-verdianos tem e pode gozar. Temos estudantes da Guiné-Bissau, da Serra Leoa, da Mauritânia e da Nigéria que estudaram aqui e ganharam bolsas do Estado em Cabo Verde para estudar no estrangeiro”, frisou. 

O também  professor do secundário, Oliveira  anunciou que o Ministério da Educação de Cabo Verde pretende  apoiar todos os alunos que estão no sistema educativo cabo-verdiano, independentemente da  sua nacionalidade, da origem, do estatuto social, político e religioso.

Relativamente à abertura de Cabo-Verde em cooperar com a Guiné-Bissau no setor da educação, através da escola de formação dos professores, a Escola Normal Superior Tchico Té, dise que Cabo Verde está aberto ao diálogo, mas cooperação estabelece-se apenas ao nível dos governos centrais.

“Nós temos conhecimento da existência e do nome que a instituição do ensino superior da Guiné-Bissau, a Universidade Amílcar Cabral, por isso estamos abertos a essa cooperação pode ser estabelecida  dentro das nossas competências e as nossas escolas podem  cooperar com as escolas na Guiné-Bissau, porque têm as suas próprias autonomias administrativas financeiras”, acrescentou o delegado do Ministério da Educação no Concelho do Porto Novo.

Em relação ao sistema do ensino em Cabo-Verde, assegurou que o Conselho   dispõe de infraestruturas adequadas para os alunos, estando agora a evoluir nas novas tecnologias de informações e comunicações no sentido de aperfeiçoar as tecnologias do ensino nas escolas.

Segundo explicação de Oliveira, cerca de 100% dos professores tem formação adequada e pedagógica desde ensino básico a secundário para o exercício das funções. O professor do ensino secundário revelou que a taxa da analfabetização em Porto Novo é residual e a cidade não tem uma taxa de analfabetização na camada juvenil.

Oliveira assegurou que o Município do Porto Novo tem um número muito baixo de pessoas com idade acima dos 60 anos que não foi  escola.

Para se chegar a Santo Antão, a segunda maior ilha de Cabo Verde, é preciso primeiro desembarcar em São Vicente, que abriga a segunda maior cidade do país, Mindelo. A partir daí, faz-se uma bela travessia de cerca de 50 minutos de mar calmo e azul para chegar ao município do Porto Novo que é considerado a porta de entrada e partida de Santo Antão.

A maioria dos cidadãos guineenses residente nos três municípios da Ilha de Santo Antão, nomeadamente no Porto Novo, Paul e Ribeira Grande opera na área do comércio e alguns na construção civil. Na conversa com o jornal O Democrata, os guineenses disseram que se sentem bem integrados em Cabo-Verde.

De acordo com o primeiro Inquérito divulgado em dezembro de 2023, no universo da População Estrangeira e Imigrante,  Cabo-Verde conta apenas com quase onze mil estrangeiros residentes, equivalente a 2,2% da população.

Os imigrantes da CEDEAO lideram a lista, com predominância dos naturais da Guiné-Bissau com 36,3%, seguidos dos senegaleses, 10,9% e nigerianos com 4,7%.

Por: Alison Cabral

Foto: AC

Author: O DEMOCRATA

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