O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, disse que a China é um parceiro incontornável e incontestável na geopolítica e que não se imiscui na política interna dos países africanos, tendo revelado que o governo da China Popular anunciou um donativo de 200 milhões de yuan (moeda chinesa), que corresponde a cerca de 27,5 milhões de dólares norte-americanos (mais de 16 bilhões de francos CFA) à Guiné-Bissau.
“A Guiné-Bissau e a China são parceiros tradicionais. Desde o período da luta de libertação, a China é um país que está sempre ao lado da Guiné-Bissau e ajudou na formação dos nossos primeiros comandantes da luta, entre os quais, o ex-Presidente e Comandante João Bernardo Vieira”, disse o chefe de Estado guineense na sua declaração aos jornalistas no aeroporto internacional Osvaldo Vieira, momentos antes de embarcar para aquele que é a sua primeira visita de Estado à República Popular da China.
A Guiné-Bissau e a China têm uma relação de cooperação histórica desde o período de luta de libertação nacional, que depois da independência se intensificou nos domínios da Educação, Saúde, Agricultura, Infraestruturas, Pescas e apoios ao setor da Defesa e segurança.
No domínio da Educação, a China fornece anualmente bolsas de estudo ao Governo guineense e ainda disponibiliza, através da embaixada em Bissau, oportunidade de formação “aos melhores alunos” do país nos liceus locais, bem como nas universidades chinesas. Ainda no âmbito da Saúde, a China disponibiliza médicos para o hospital de Canchungo, no norte da Guiné-Bissau, e ainda para o Hospital Militar Principal na capital guineense.
Nas pescas, segundo o Governo guineense, até 2020 existiam cerca de 70 navios de empresas privadas de armadores chineses a operar nas águas da Guiné-Bissau. A única autoestrada da Guiné-Bissau, num troço de 8,2 quilómetros, que liga o aeroporto internacional Osvaldo Vieira à localidade de Safim, está a ser construída pela China, num valor de 13,6 milhões de euros.
O Presidente Embaló disse que o governo chinês, no âmbito desta visita de Estado, anunciou um donativo de 200 milhões de Yuan, que corresponde a 27, 5 milhões de dólares norte-americanos à Guiné-Bissau, que segundo a sua explicação será destinado para a execução de diferentes projetos no país.
“Independentemente deste donativo, a Guiné-Bissau apresentará projetos que tem em carteira aos nossos irmãos chineses para discutirmos”, assegurou, para de seguida lembrar que a China está neste momento a construir uma autoestrada no país. Acrescentou que durante a visita vai debruçar com o seu homólogo chinês a forma como pode ajudar a Guiné-Bissau na construção de mais estradas e na execução de outros projetos que não quis anunciar.
Relativamente a 65.ª cimeira ordinária de chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) realizada no domingo (ontem) em Abuja, disse que os chefes de Estado lamentaram a decisão dos três países (Burkina, Mali e Níger) que anunciaram a desintegração daquela organização sub-regional.
“É uma decisão muito forte, porque hoje nenhum país pode caminhar sozinho e por isso existe esta comunidade sub-regional e até regional. Não conseguimos ver a situação de autorizar a entrada dos cidadãos destes três países nos nossos países com visto de entrada, mas penso que vamos ultrapassar essa situação”, sublinhou, para de seguida enfatizar aquilo que considera do “silêncio” da Guiné-Conacri, que apesar de ser dirigido também por regime de transição militar, demonstra uma posição diferente em relação aos outros, contudo espera-se que as autoridades militares darão passos concretos para a realização de eleições livres e transparentes.
“O poder se conquista através de urnas. Embora saibamos que em vários países são os políticos que sustentam o golpe, mas tiros lhes saem sempre pela culatra. Os militares não fazem golpes agora para entregar o poder ao presidente do Parlamento para fazer a transição, são eles mesmos que assumem o destino do país”, alertou, apelando aos políticos da sub-região de terem consciência, “porque se apoiarem o golpe, amanhã esta ação vai contra si próprio”.
Por: Assana Sambú