O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), Bubacar Turé, denunciou esta sexta-feira, 12 de julho de 2024, que o maior estabelecimento hospitalar da Guiné-Bissau, Hospital Nacional Simão Mendes, está literalmente numa situação de “colapso total”, “por isso é que os cidadãos e utentes do sistema de saúde estão condenados a morte por causa da irresponsabilidade do governo de iniciativa presidencial”.
O jurista e ativista de direitos humanos fez estas denúncias numa conferência de imprensa realizada na Casa dos Direitos, em Bissau, sobre atual situação do sistema de saúde guineense e, em particular da situação em que se encontra o Hospital Nacional Simão Mendes.
Bubacar Turé disse que o laboratório do hospital que faz diagnósticos aos utentes está com falta de todos os materiais, desde os reagentes, álcool, luvas, testes de despistagem, bolsas de sangue, películas para Raio X e conjunto de outros materiais elementares para fazer diagnóstico aos pacientes, facto que segundo o ativista, impede os profissionais de saúde de exercerem as suas funções.
Assegurou que neste momento, o serviço de urgência está quase paralisado, porque falta tudo em termos de materiais, medicamentos e nem um papel A4 para registar o histórico dos pacientes que entram naquele serviço, devido a irresponsabilidade do Estado guineense, que no seu entendimento, não dignou criar as condições para o funcionamento daquele estabelecimento hospitalar. Acrescentou, neste particular, que o serviço de medicina do hospital está num estado caótico por causa da infiltração da água da chuva, impedindo assim o internamento de doentes naquelas sete salas e também impede o funcionamento do bloco de operatório.
“O serviço de ecografia está completamente fechado e quando um utente precisa fazer ecografia, sobretudo as mulheres grávidas não há condições para o fazer. O Hospital Nacional Simão Mentes dispõe de três fábricas de oxigénio e duas não estão a funcionar neste momento, apenas um funciona, a que foi concessionada a um privado”, revelou o ativista.
“O governo guineense através de uma esquema de corrupção, decidiu pura e simplesmente concessionar a única fábrica de oxigénio que está funcionar a um particular, sem qualquer concurso público. Este privado está produzir oxigénio e vender ao próprio Hospital Nacional Simão Mendes”, denunciou.
Explicou que a fábrica de oxigénio foi construída com o dinheiro de Estado guineense e o governo, sem qualquer explicação e motivo, decidiu através de esquemas de corrupção e banditismo, entregar fábrica a um privado que produz oxigénio e vende ao hospital numa soma avultada, sem no entanto, revelar o valor. Acrescentou que a empresa que gere a fábrica está a revelar agora a incapacidade e incompetência para produzir botijas suficientes para fornecer ao hospital, razão pela qual os cidadãos estão a morrer devido a falta de oxigénio.
“Essa situação está acontecer no Hospital Nacional Simão Mendes, porque o governo através do ministério das finanças decidiu suspender transferência de 88 milhões de francos CFA que era fornecida ao Hospital Simão Mendes para resolver problemas de materiais de trabalho, isenção de algumas consultas e operações, colocando o maior centro hospitalar do país num colapso total”, criticou.
Por: Aguinaldo Ampa